Um estudo publicado na Pediatrics, revista da Academia Americana de Pediatria, demonstra que a…
Baixa estatura nesse público pode ser explicada por deficiência nutricional
A deficiência de vitamina A é uma preocupação para a saúde pública, pois pode provocar o desenvolvimento de condições clínicas como a xeroftalmia que afetam a qualidade de vida de um indivíduo. Ela também está associada a um maior risco de mortalidade por infecções em crianças, sendo um alerta ao profissional que atende o público pediátrico.
Além disso, pesquisas revelaram que a baixa concentração de soro de retinol (derivado da Vitamina A) também interfere no crescimento, pois afeta o fator de crescimento IGF-1. E sabendo que alguns estudos demonstraram que crianças com Síndrome de Down (SD) apresentam maior risco ao desenvolvimento dessa insuficiência, uma pesquisa realizada no Brasil decidiu investigar a relação da deficiência de vitamina A com a baixa estatura de crianças portadoras de SD.
Investigação da deficiência de vitamina A em crianças com Síndrome de Down
Fazendo uma busca, entre novembro de 2009 e dezembro de 2011, pelas crianças residentes em Ribeirão Preto que frequentavam os ambulatórios de genética e cardiologia ou as instituições dedicadas ao atendimento de crianças com atraso no desenvolvimento, os autores encontraram 55 crianças de 24 a 69 meses com SD.
Dessas crianças, 47 concluíram o protocolo da pesquisa que consistia na determinação da deficiência através de um teste de dose-resposta reativa, a qual foi considerada deficiente quando a concentração de soro retinol era menor ou igual a 0,70 μmol/L e se o IGF-1 estivesse abaixo do 3º percentil para sexo e idade, era considerado baixo.
Também foram determinadas a proteína C-reativa, o peso e a altura que permitiram traçar o estado nutricional dos participantes com base nas curvas de crescimento para crianças com Síndrome de Down. Informações sobre episódios de febre e diarreia foram solicitadas e consideradas como marcadores de inflamação/infecção
Síndrome de Down e baixo crescimento
Das 47 crianças, 26 eram meninas e 21 meninos, sendo que a prevalência da deficiência foi pontuada em 12 crianças (25,5 %). 74,5% das crianças apresentaram soro de retinol abaixo de 0,70 μmol/L antes da intervenção de suplementação do estudo.
E mesmo após a administração oral de 600 μg de palmitato de retinol, 57,4% das crianças apresentaram concentrações de retinol sérico baixas. As diferenças nas concentrações médias de soro IGF-1 entre crianças com e sem a deficiência não foram significativas (103,5 ng/mL e 116,3 ng/mL, respectivamente).
Entretanto, todas as crianças com concentrações de soro IGF-1 abaixo do percentil 25 para sexo e idade tiveram valores de retinol abaixo de 0,55 μmol/L.
Conclusão
A partir dessas análises, os autores do estudo concluíram que crianças com SD de fato possuem maior prevalência na deficiência de vitamina A e, nessa pesquisa, essa deficiência demonstrou relação significativa à baixa concentração do fator de crescimento IGF-1, o que pode explicar, em parte, a baixa estatura característica de indivíduos com Síndrome de Down.
Referência
Ferraz, Ivan Savioli et al. Vitamin A deficiency and association between serum retinol and IGF-1 concentrations in Brazilian children with Down syndrome. Jornal de Pediatria. 2022, v. 98, n. 1, pp. 76-83. https://doi.org/10.1016/j.jped.2021.04.003.
Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Tutora de cursos EAD do Ganep Educação. Coordenadora do Nutritotal.
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Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Experiência profissional em Nutrição Clínica, Nutrição Esportiva, Marketing Nutricional e Docência no Ensino Superior. Coordenadora do Nutritotal.