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Tiamina (Vitamina B1) – Para que serve e qual sua importância?

tiamina B1

Também conhecida como vitamina B1, a tiamina é um micronutriente hidrossolúvel essencial para o metabolismo energético dos seres humanos.

No corpo, após o consumo de seus alimentos fonte, a tiamina é absorvida no intestino delgado e transportada para o fígado, onde será captada por glóbulos vermelhos e brancos do sangue. Então, ela é entregue em locais com altas necessidades metabólicas, tais como cérebro, miócitos cardíacos, fígado, pâncreas, músculos esqueléticos e lisos. Mas quais são as funções da tiamina nestes locais?

tiamina B1

Fonte: Canvas

 

As funções da tiamina

A tiamina é um micronutriente com múltiplas funções; contudo, a principal delas diz respeito ao metabolismo de carboidratos, e consequentemente à produção de energia.

A ThDP, forma di-fosforilada da tiamina, atua como um cofator essencial em múltiplos complexos enzimáticos envolvidos na descarboxilação oxidativa, tais como alfa-cetoglutarato desidrogenase e piruvato desidrogenase.

Além disso, a tiamina também possui importantes funções no bom funcionamento neuronal (facilitando a neurotransmissão e a síntese de diversos neurotransmissores, como a serotonina) e no metabolismo de lipídios e aminoácidos de cadeia ramificada.

Recentemente, também foi demonstrada a função desta vitamina na redução da mortalidade em pacientes críticos com Covid-19.

 

Fontes alimentares de tiamina

O corpo humano é incapaz de sintetizar tiamina, embora algumas bactérias intestinais produzam pequenas quantidades desta vitamina. Sendo assim, seu suprimento depende quase inteiramente da ingestão dietética.

A tiamina possui uma meia-vida curta (de 1 a 12 horas), e não é armazenada em grande quantidade no organismo até ser excretada. Assim, a regularidade no consumo de alimentos fontes de tiamina deve ser incentivada.

Abaixo, listamos os alimentos com altos teores desta vitamina. É preciso ter em mente, porém, que esses valores estão presentes a cada 100 g de alimento, o que não necessariamente representa a porção usualmente consumida.

Fontes: Tabela Brasileira de Composição Nutricional, FoodData Central.

Além dos alimentos listados acima, outras fontes alimentares incluem: fígado bovino, gema de ovo, feijões (fradinho, branco, vermelho, roxo, jalo), atum em conserva, abacaxi e manga.

Recomendações nutricionais

Para se obter os benefícios provenientes da tiamina e evitar sua deficiência, é recomendado que se ingira uma quantidade diária ideal, que varia de acordo com a fase de vida e o sexo.

Essa quantidade ideal é fornecida pela RDA (“Recommended Dietary Allowances”, ou “Ingestão Dietética Recomendada”), dadas em microgramas por dia. Os valores estão listados no quadro abaixo.

 

Deficiência de tiamina

A ingestão insuficiente de alimentos fontes de vitamina B1 pode causar a hipovitaminose, ou seja, a carência de tiamina. Quando indivíduos saudáveis são privados deste micronutriente, seus estoques corporais se esgotam entre 2 semanas a 1 mês.

Além disso, outras condições que levam a sua deficiência são: consumo excessivo de carboidratos, vômitos frequentes, alcoolismo, infecção parasitária crônica, distúrbios genéticos, e uso de compostos que alteram seu metabolismo (diuréticos, antiácidos, anticoncepcionais, entre outros).

Como a tiamina é necessária como coenzima para a piruvato descarboxilase, sua carência leva ao acúmulo de piruvato, gerando a acidose láctica, principal causa dos sintomas.

Os primeiros sinais de deficiência de tiamina incluem a taquicardia em repouso, o cansaço, a fraqueza, a cefaleia, a diminuição dos reflexos tendinosos profundos e a neuropatia periférica.

Dentre todas as condições decorrentes da deficiência desta vitamina, o Beribéri é a mais conhecida. Esta doença afeta seriamente o sistema nervoso e cardiovascular, com sintomas que passam pela debilidade, perda de peso, insuficiência cardíaca, falta de ar e edema.

Porém, na literatura científica e na prática clínica descreve-se ainda outras patologias relacionadas à falta de tiamina, com diferentes sinais e sintomas São elas:

  1. Encefalopatia de Wernicke:  deficiências visuais, disfunção cerebral, estado mental alterado ou perda de memória leve.
  2. Síndrome de Korsakoff: comum no alcoolismo, causa lesões cerebrais, disfunções comportamentais, distúrbios afetivos, hemorragia cerebral, entre outros.
  3. Síndrome de Marchiafava-Bignami: alteração do estado mental, síndrome do cérebro dividido, reflexos primitivos, etc.
  4. Alzheimer: a falta de tiamina é um fator chave para formação de emaranhados neurofibrilares (NFTs) e placas amilóides, contribuindo para a doença.
  5. Polineuropatia: comprometimento das funções sensoriais, motoras e funções reflexas das extremidades, afetando principalmente os membros inferiores distais.
  6. Depressão: a síntese de neurotransmissores é comprometida, além de gerar redução no volume do hipocampo e dano neuronal em pacientes deprimidos.

 

Com todas essas informações, fica claro a importância da tiamina para a saúde dos indivíduos e das comunidades.

Na atualidade, pesquisas com dietas brasileiras não apontam para uma alta prevalência de deficiência desta vitamina. Contudo, considerando sua importância para o metabolismo energético e para as funções neuronais, devemos estar sempre atentos se o suprimento das necessidades de tiamina está sendo mantido.

 

Referências:

COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de Nutrientes – 6ª ed. Editora Manole, 2020.
PACEI, Federico et al. The relevance of thiamine evaluation in a practical setting. Nutrients, v. 12, n. 9, p. 2810, 2020.
SCAGLIUSI, Fernanda B.; CARDOSO, Marly A. Nutrição e Dietética – 2ª ed. Editora Guanabara Koogan, 2019.
SMITH, Taryn J. et al. Thiamine deficiency disorders: a clinical perspective. 2021.

 

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