Quem está com câncer pode comer carne vermelha?

Postado em 15 de fevereiro de 2023

Entenda como a alimentação contribui não somente com a prevenção do câncer, mas também com o tratamento da doença

A relação entre alimentação e câncer ainda é complexa, mas pesquisadores e profissionais de saúde já reconhecem alguns alimentos como promotores e protetores do surgimento de tumores.

Apesar de os resultados variarem de pessoa para pessoa, o cuidado com o que comemos tem um papel importante na saúde e também pode se estender para o tratamento do câncer.

Segundo a nutricionista especialista em oncologia, Jéssica Reis, a nutrição exerce papel fundamental durante a jornada do paciente com câncer, mas, é preciso tomar cuidado com as decisões sobre a alimentação nesse período, pois, orientações erradas podem prejudicar o paciente.

Confira alguns mitos e verdades sobre alimentação e tratamento do câncer:

Carnes vermelha e o câncer

Quem está com câncer não pode comer carne vermelha

Mito. A carne vermelha e processada (que passou por salga, defumação, saborização, adição de conservante ou outros pré-preparos industriais), foi associada em várias pesquisas com o aumento do risco de câncer e redução da sobrevivência dos pacientes.

Mas, diretrizes de saúde também apontam que a carne vermelha tem alguns nutrientes importantes que não devem ser ignorados, como o ferro e a vitamina B12. Então, para quem já tinha o hábito de consumir carne vermelha, não é necessário excluí-la da dieta, mas sim reduzir o seu consumo em até 3 porções por semana e preferencialmente carne não processada, ou seja, evitar ao máximo salsicha, pepperoni, linguiça calabresa, bacon, salame, presunto, linguiça toscana, nuggets, hambúrguer e carne seca.

O consumo de alimentos de origem vegetal é recomendado durante o tratamento

Verdade. Frutas, grãos integrais, legumes e verduras fazem parte de padrões alimentares saudáveis que colaboram com o tratamento do câncer.

Além de serem ricos em vitaminas e minerais, esses alimentos são fontes importantes de fibras que apoiam o crescimento de bactérias benéficas no intestino. Pesquisas revelaram que uma alta ingestão de fibras por pacientes com câncer, melhorou a qualidade do microbioma intestinal e aumentou a resposta imune do intestino, ajudando no combate aos tumores.

Multivitamínicos podem ser prejudiciais no tratamento do câncer

Verdade. Apesar de ajudarem na nutrição do paciente, que pode ser afetada por aumento da recusa alimentar, esses suplementos também podem causar efeitos negativos, interagindo com medicamentos e diminuindo os benefícios das terapias convencionais para o câncer.

Por isso, antes de decidir por conta própria ou orientação de parente ou amigo próximo, é preciso que o paciente com câncer converse com seu nutricionista e seu médico para verificar riscos ou suplementos alternativos para melhorar a nutrição no tratamento.

É preciso evitar alimentos fonte de vitamina D na dieta

Mito. Segundo uma pesquisa que propôs mudanças no estilo de vida e na alimentação de mulheres com câncer de mama, baixos níveis de vitamina D no organismo estavam associados a maiores efeitos colaterais do tratamento medicamentoso para esse tipo câncer.

Essa vitamina pode ser encontrada em alimentos como ovos, peixes, fígado e laticínios, mas para os laticínios esse consumo deve ser moderado. Isso porque, além de vitamina D, esses produtos possuem alto teor de gorduras saturadas que são pró-inflamatórias, podendo prejudicar o tratamento.

Portanto, deve-se optar pelo consumo de vitamina D a partir de laticínios com baixo teor de gordura ou de outras fontes alimentares. Pode-se considerar também, caso seja prescrito pelo nutricionista ou médico, a suplementação dessa vitamina.

Confira esse relato da psicóloga Helena Müler que usou a alimentação a favor do seu bem-estar durante o tratamento do câncer:

Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Referências

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