Metanálise publicada no Journal of American Medical Association (JAMA) Neurology, demonstra que o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos ômega 3 pode ajudar a prevenir ou retardar o aparecimento da esclerose múltipla amiotrófica (ALS), também conhecida como doença de Lou Gehrig. Os autores decidiram estudar a ingestão de ácidos graxos poli-insaturados porque estudos têm sugerido que eles são incorporados em membranas celulares, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação, condições envolvidas na ALS.
O trabalho incluiu 5 estudos prospectivos do tipo coorte. Os dados dietéticos foram avaliados através de questionário de frequência alimentar que foram desenvolvidos ou modificados especificamente para cada coorte. Os participantes relataram ingestão habitual de cada alimento em uma escala que varia de nunca ou menos de 1 vez por mês até 6 ou mais porções por dia. Cada estudo forneceu informações sobre o consumo de energia e macronutrientes, incluindo o consumo de gorduras saturadas, monoinsaturadas, e ácidos graxos poli-insaturados.
Durante o acompanhamento, um total de 995 casos com ALS foram documentadas entre 1.002.082 participantes (479.114 mulheres e 522.968 homens), variando de 9 a 24 anos. A ingestão média de ômega 3 variou entre 1,40 – 1,85 g/dia nos homens e entre 11,82 – 15,73 g/dia nas mulheres. A ingestão média de ômega 6 variou de 8,94 – 12,01 g/dia.
Em geral, a ingestão total de ômega 3 foi associada com uma redução de 34% do risco de desenvolvimento de ALS. Os autores afirmam que tanto ácido alfa-linolênico (ALA), que pode ser encontrado em fontes vegetais (óleo de linhaça, óleo de canola), quanto os ácidos docosahexaenóico (DHA) e eicosapentanóico (EPA) provenientes de óleo de peixe contribuíram para essa associação. A ingestão de ômega 6 não foi associada com o risco diminuído para o desenvolvimento da doença.
“Ainda é muito cedo para fazer qualquer recomendação clínica, mas nossos resultados fornecem uma base para futuros estudos”, dizem os autores. “Estudos posteriores devem procurar biomarcadores, como medições sanguíneas desses ácidos graxos, além de verificar se eles se relacionam com ALS”, concluem.