Estudo randomizado crossover de intervenção avaliou os efeitos da suplementação diária com bicarbonato de potássio sobre metabolismo protéico, estado da glutationa e concentração de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) pró e antiinflamatórios na membrana eritrócitaria em humanos, durante um repouso experimental.
Foram recrutados oito voluntários homens jovens (media de idade 27 anos e de IMC 24,4kg/m²) que passaram por 1 semana de adaptação dietética e ambiental (período ambulatorial), seguido de 21 dias deitados (período de repouso na cama), e mais 1 semana de recuperação. Os pacientes foram investigados ao final de dois períodos de repouso de 21 dias, um com (NPBP) e outro sem (NP) suplementação diária de bicarbonato de potássio. A oferta calórica foi calculada seguindo resultados de calorimetria e a divisão entre macronutrientes foi semelhante para todos os participantes. Todos os voluntários receberam seis refeições por dia. Durante a intervenção, os pacientes receberam um tablete com 30mmol de bicarbonato de potássio diluido em 200 ml de água 3 vezes ao dia. Foram monitorados o pH urinário de 24 horas diariamente. Amostras de sangue foram coletadas ao final do período de repouso para avaliar glutationa eritrocitária, composição de ácidos graxos da membrana celular, concentrações plasmáticas de triglicerídeos, de lipoproteína de alta densidade (HDL), bem como concentração total de glutationa reduzida (GSH) e razão entre GSH e glutationa oxidada (GSSG) em eritrócitos.
Os autores verificaram que o peso corporal reduziu significativamente após 21 dias de repouso em todos os voluntários. Os valores de pH foram significativamente maiores no grupo NPBP em relação ao grupo NP (7.22 e 6.59 respectivamente, p < 0.01). As taxas de degradação e síntese de proteínas não foram significativamente afetadas por NP ou NPBP. No entanto, houve uma diminuição significativa no balanço proteico em NP (29%). O balanço proteico foi significativamente menos negativo em NPBP em comparação a NP, em torno de 17%. NP não alterou significativamente as concentrações de glutationa e seu clearance, em comparação com a fase ambulatorial. Em contraste, o NPBP aumentou significativamente a concentração de glutationa total (em torno de 5%), em comparação a NP. Houve um aumento significativo no conteúdo total de ácidos graxos ômega-3 na composição das membranas dos eritrócitos após repouso no leito com suplementação de potássio (p <0,05), em comparação com o grupo de nutrição padrão. Além disso, a razão n-3/n-6 aumentou significativamente no grupo NPBP em comparação ao grupo NP (p=0,03). Não houve efeito de NP ou NPBP sobre HDL, LDL e triglicerídeos plasmáticos.
Dessa maneira, os autores concluiram que a alcalinização durante a inatividade está associada a aumento da disponibilidade de glutationa intracelular, diminuindo a utilização desta molécula antioxidante, melhora de padrão lipídico anti-inflamatório nas membranas celulares e redução do catabolismo protéico corporal. Dietas alcalinas têm sido associados a benefícios metabólicos similares àqueles mostrado com suplementação de bicarbonato. Assim, em condições clínicas caracterizadas por inatividade, estresse oxidativo e inflamação, a alcalinização pode ser uma estratégia terapeutica adjuvante útil.
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