As crianças com alergia persistente ao leite de vaca (ALV) têm uma menor densidade mineral óssea (DMO) e ingestão de cálcio antes da puberdade em comparação com as crianças da mesma faixa etária com outras alergias alimentares, que não ao leite de vaca (ANLV), de acordo com estudo publicado na revista Pediatrics.
Mailhot e colaboradores recrutaram 52 crianças pré-púberes com ALV mediada por imunoglobulina-E (IgE) e 29 crianças pré-púberes com ANLV (grupo controle) em uma clínica de alergia em Montreal, Quebec, Canadá. O estudo foi realizado durante o inverno para limitar a influência de exposição ao sol nos níveis de 25 de hidroxivitamina D (25[OH]D).
As crianças nos grupos ALV e controle não diferiram em altura, massa corporal magra, ou peso, mas os valores de escore-z da DMO da coluna lombar foram significativamente menores em crianças que tiveram ALV, em comparação com crianças do grupo controle.
Usando um questionário de frequência alimentar quantitativo validado para avaliar a ingestão dietética de cálcio e vitamina D, os pesquisadores descobriram que apenas 39% das crianças com ALV atenderam à ingestão de cálcio recomendada na RDA (do inglês Recommended Dietary Allowance), que é de 1000 mg/dia, e 21% tiveram ingestão de cálcio inferior a dois terços do recomendado na RDA. Com relação às crianças do grupo controle, 74% preencheram a RDA.
A maioria das crianças de ambos os grupos consumiu muito menos do recomendado de vitamina D; apenas 11,5% das crianças com ALV e 7,4% das crianças do grupo controle, atingiram a RDA para esse nutriente.
“As crianças pré-púberes com ALV persistente neste estudo apresentaram baixa DMO apesar do crescimento normal”, concluem os autores. “Os produtos lácteos representam mais de 50% da ingestão de cálcio e vitamina D em crianças. A eliminação desses alimentos da dieta aumenta o risco de inadequação de nutrientes e torna as suplementações de cálcio e vitamina D necessárias nos casos em que as alternativas alimentares não satisfazem as necessidades dietéticas”, afirmam.