Uma metanálise de ensaios clínicos encontrou um aumento de 27-31% no risco de infarto do miocárdio e aumento de 12-20% no risco de acidente vascular cerebral em indivíduos que faziam uso em excesso de suplementos de cálcio. Existem alguns possíveis mecanismos fisiopatológicos para estes resultados, incluindo a calcificação vascular, que geram efeitos negativos na função de células vasculares e na coagulação sanguínea.
Os suplementos de cálcio, com ou sem vitamina D, são amplamente utilizados para a prevenção e tratamento da osteoporose. Em 2008, Bolland e colaboradores em estudo clínico, randomizado e controlado por placebo verificaram aumento na taxa de eventos cardiovasculares em mulheres em uso de suplementos de cálcio em excesso. Posteriormente, em 2010, esse mesmo grupo de pesquisadores realizou uma metanálise para analisar os eventos cardiovasculares ocorridos em estudos clínicos que utilizaram suplementos de cálcio (sem vitamina D). Os indivíduos que recebiam suplementos de cálcio apresentaram maior risco de infarto do miocárdio. No entanto, essa metanálise recebeu críticas metodológicas importantes, o que poderia invalidar essas conclusões.
Neste sentido, Bolland e colaboradores reavaliaram os dados e publicaram uma nova metanálise em 2011, eliminando os erros metodológicos. Os pesquisadores concluíram que os estudos (n = 29.000) novamente mostraram que os suplementos de cálcio (1 g/dia) com ou sem vitamina D aumentam o risco cardiovascular modestamente.
Entretanto, no estudo de Jackson et al, não encontraram nenhum efeito adverso com a suplementação de cálcio e vitamina D (1 g cálcio/400 UI de vitamina D por dia) em 36.282 mulheres acompanhadas durante sete anos.
Baseados nesses achados, o Institute of Medicine (IOM) lançou em 2010 as orientações de ingestão diária recomendada (RDA) para o cálcio, devendo ser a soma total na dieta e uso de suplementos a quantia de 1000 mg por dia para mulheres adultas de até 50 anos e 1200 mg por dia para mulheres com mais de 50 anos de idade. A IOM também definiu o nível de ingestão máxima de 2000 mg por dia para mulheres nestes grupos etários, devido aos riscos à saúde da alta ingestão de cálcio.
Assim, os estudos recomendam uma ingestão moderada de cálcio, na qual não deve ultrapassar o total de 1200 mg/dia, incluindo a alimentação e a suplementação.
A evidência para o uso de cálcio e vitamina D no tratamento da osteoporose já está bem estabelecida tanto na melhora da sobrevida, como em termos de segurança cardiovascular. Sob essa perspectiva, ainda não é possível fornecer garantias de que os suplementos de cálcio com vitamina D sejam totalmente seguros, mas também não se pode vinculá-los com certeza ao aumento do risco cardiovascular. Mais estudos são necessários para esclarecer essa questão.