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Alterações no peso e risco para transtornos alimentares

Os transtornos alimentares:

Os transtornos alimentares (TA) atingem cerca de 13% das mulheres de todo o mundo e se torna fundamental identificar quais são os fatores preditores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares como a anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN), transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) e distúrbio purgativo (DP), para maior conhecimento etiológico e criação de programas de prevenção seletivos.

O objetivo:

Um estudo da The American Journal of Clinical Nutrition buscou avaliar se a alteração no peso habitual, comparando o maior peso de mulheres adultas com o seu peso atual, se correlacionava com o aparecimento de transtornos alimentares.

O Estudo:

Participaram do estudo, 1.165 mulheres adultas (média de idade: 21,9 ± 6,4 anos), que completaram anualmente entrevistas diagnósticas durante um período de acompanhamento de 3 anos (aos 12, 24 e 36 meses). Modelos de regressão logística avaliaram a relação do maior peso e peso atual das participantes ao risco de início de cada transtorno alimentar controlado por idade, restrição alimentar e condição de intervenção.

Participantes que tinham TA diagnosticado pelo menos 3 meses antes do início do estudo, foram excluídas. Questionários qualitativos foram aplicados nas participantes (n= 704) para avaliar o escore de desenvolvimento de TA, a Escala Holandesa de Alimentação Restrita foi utilizada para avaliar a frequência de comportamentos alimentares, A Escala de Estereótipo de Corpo Ideal para avaliar a internalização do ideal de magreza, a Escala de Insatisfação Corporal para avaliar o nível de insatisfação em 9 partes do corpo, questionário de avaliação psicológica e entrevistas para o diagnóstico de TA ao longo do estudo.

Dados encontrados:

A maioria das participantes tinham um peso saudável  segundo o IMC ( < 25), seguido por sobrepeso (n = 289, IMC entre 25 e 30) e obesidade (n = 164, IMC > 30).

O maior peso anterior auto-relatado pelas participantes variou de 40,8 a 182,8 kg (média: 72,9 ± 17,6 kg), enquanto o peso atual variava de 38,9 a 153,9 kg (média: 68,1 ± 15,9 kg). A alteração no peso habitual variou de 0 a 70,7 kg (média ± DP: 4,8 ± 6,5 kg), com 186 das participantes (16,1%) atualmente em seus maiores pesos.

A alteração de peso habitual não se correlacionou significativamente com internalização de magreza ideal (r = −0,08) e com a insatisfação corporal (r = 0,06).

Resultados:

Ao longo dos 3 anos de acompanhamento, 18 participantes demonstraram o início de AN, 79 mostraram o início de BN, 75 mostraram início de TCAP, 60 mostraram o início da DP e 133 mostraram o início de ao menos um desses transtornos alimentares.

A alteração de peso habitual foi de 8,3 kg para participantes que mostraram início de AN, 7,1 kg para início de BN, 5,6 kg para início de TCAP, 8,7 kg para início de DP e 6,5 kg para início de qualquer um desses transtornos alimentares, em comparação com 4,4 kg para participantes que não apresentaram início de nenhum transtorno alimentar. Estes dados sugerem que a maioria  (84%) das participantes estavam em um estado moderado de alteração de peso habitual (média: ± 4,8 kg).

Conclusão:

Em conclusão, a elevação no peso habitual foi associada com maiores chances de aparecimentos de futuros transtornos alimentares (AN, BN, PD), mas não aumentaram as chances de aparecimento futuros TCAP, sugerindo que a alteração no peso habitual aumenta o risco de transtornos alimentares caracterizados por comportamentos não saudáveis ​​de controle de peso, não apenas compulsão alimentar.

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