Estudo avaliou o estado nutricional através do ângulo de fase (AF), bioimpedância elétrica e ASG, e a associação do AF com a mortalidade em pacientes com cirrose descompensada. Dessa maneira, foram selecionados para o estudo pacientes com cirrose descompensada maiores de 19 anos.
Fizeram parte do estudo 97 pacientes com idade média de 60 anos. A principal causa de cirrose era hepatite C (33%), seguida de ingestão crônica de álcool e esteatose hepática não alcoólica. Alto risco nutricional, realizado pela ferramenta específica para hepatopatas RFH-NPT, foi observado em 77,3% destes, e desnutrição, avaliada pela ASG, esteve presente em 68% destes pacientes, com grande concordância entre estas ferramentas (p<0,001). No entanto, em ferramentas que utilizam o peso corporal como parâmetro (IMC e IMC em cirróticos), a frequência de desnutrição diagnosticada foi menor (11,3% e 16,5%). A média do valor de AF nestes indivíduos foi 5,2° (5,3 homem e 4,9 mulher). De acordo com o ponto de corte do AF ≤5,52, 58,8% dos pacientes estavam desnutridos. A média de tempo de internação hospitalar foi significativamente maior em pacientes desnutridos. A mortalidade global foi de 58,8% e em 6 meses 35,1%, todas relacionadas a complicações hepáticas. A sobrevida em 6 meses foi menor em pacientes com maior escore Child-Pugh, denutridos (ASG e AF) e com carcinoma hepatocelular. A média de internação hospitalar foi maior nos pacientes não-sobreviventes. Os pacientes com AF ≤5,52 eram mais prováveis de virem a óbito em 6 meses. A probabilidade de sobrevivência, de acordo com o ângulo de fase, em 30 dias, 3 meses e 6 meses foi de 90%, 82% e 80% entre os pacientes não desnutridos; e de 80%, 65% e 54% nos pacientes desnutridos. Este ponto de corte mostrou uma sensibilidade de 76% e uma especificidade de 51%.
Assim, os autores do estudo sugerem que a desnutrição avaliada pelo ângulo de fase (AF ≤5,52) é um preditor independente de mortalidade em 6 meses, e que valores mais altos do AF foram independentemente associados a melhora da sobrevida em 6 meses em pacientes com cirrose descompensada. O AF pode ser utilizado como marcador de estado nutricional quanto para avaliar o risco de mortalidade na prática clínica.