Pesquisadores do Reino Unido publicaram na revista científica British Journal of Nutrition um estudo que comprovou os benefícios da nutrição enteral (NE) combinada com a nutrição parenteral (NP) em pacientes cirúrgicos. O estudo mostrou que a combinação nutrição enteral associada à parenteral resulta em melhora da glicemia, menor resistência à insulina, aumento de incretinas e melhora na permeabilidade intestinal.
O objetivo dos autores foi avaliar a combinação da NE + NP na homeostase da glicose de pacientes cirúrgicos. Isso porque a hiperglicemia é uma complicação comum em pacientes submetidos à cirurgia de grande porte, que pode ser prejudicial na recuperação pós-operatória.
Os pesquisadores realizaram um ensaio clínico randomizado com 30 pacientes submetidos à esofagectomia para adenocarcinoma esofágico. No primeiro dia de pós-operatório, cada paciente foi aleatoriamente distribuído para receber as necessidades nutricionais calculadas por nutrição parenteral isolada (n= 14) ou pela combinação (n= 16) de NE via jejunostomia (70% das necessidades calóricas) e NP (30% das necessidades calóricas). Ambos os grupos receberam dieta isoproteica, isocalórica e teor de glicose semelhante.
A terapia nutricional foi iniciada no primeiro dia de pós-operatório durante 20 horas. Em seguida, foram submetidos a um período de jejum de 4 horas (para exames de glicemia e testes de sensibilidade à insulina). Logo após, um novo ciclo de nutrição foi fornecido, sendo esse processo repetido até o quarto dia de pós-operatório.
A combinação NE + NP resultou em menores concentrações de glicose intersticial (p = 0,002), menor resistência à insulina, além de melhora na sensibilidade à insulina (p = 0,006), quando comparada à NP isolada. Houve também melhora na permeabilidade intestinal, levando à diminuição dos riscos de desenvolver disbiose e translocação bacteriana, (p < 0,001) e aumento do hormônio polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP), que é o principal hormônio gastrintestinal com atividade de “incretina” (fator que potencializa a liberação de insulina induzida pela glicose), quando comparado com NP isolada (p = 0,01).
“A hiperglicemia dentro de um ambiente hospitalar está associada com aumento da morbidade e mortalidade. Portanto, evitar essa complicação através da terapia nutricional, sem o uso intensivo de insulina, pode ser uma abordagem clinicamente relevante”, comentam os autores.
“Nós mostramos que a combinação de NE com NP, quando comparado com NP isolada, resulta em melhor controle na homeostase da glicose no pós-operatório. Assim, o presente estudo fornece razões pelos quais a NE pode ser administrada com NP, não só para aumentar o fornecimento calórico e de nutrientes, mas também para o controle glicêmico”, concluem.
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