A obesidade pode contribuir com desfechos negativos na COVID-19, se mostrando um importante fator na hospitalização e mortalidade destes pacientes. Dessa maneira, os autores avaliaram a relação entre o IMC e mortalidade intra-hospitalar, ventilação mecânica, eventos cardiovasculares e renal e eventos tromboembólicos em pacientes admitidos com COVID-19 na Associação Americana do Coração (AHA). Foram obtidos dados de 88 hospitais associados, sendo coletados dados demográficos e clínicos, IMC, tempo de internação hospitalar.
Dos pacientes internados nas unidades, 7606 tiveram IMC calculado e fizeram parte do estudo. Não houve diferença entre os sexos dentre as comorbidades. A idade média foi de 63 anos sendo 55% homens, com prevalência de diabetes e hipertensão. De acordo com o IMC, a distribuição dos pacientes foi 3% com baixo peso, 24% com peso normal, 30% com sobrepeso, 21% com obesidade grau I, 11% obesidade grau II e 11% obesidade grau III. Os pacientes internados com COVID-19 se apresentaram mais obesos e com sobrepeso que a população em geral. Após ajuste por idade, sexo e etnia, a obesidade foi associada progressivamente com maior risco de mortalidade intra-hospitalar e ventilação mecânica em comparação a indivíduos com peso normal (p<0,01), sendo esse risco de 1,28 vezes em indivíduos com obesidade I, 1,57 para obesidade II e 1,8 vezes para obesos grau III. Não houve associação entre IMC e eventos cardiovasculares, já obesos grau II apresentaram maior risco de eventos tromboembólicos e obesos em geral apresentaram maior risco de realizar hemodiálise. A taxa mais alta de mortalidade foi encontrada em indivíduos ≤ 50 anos com IMC ≥ 40.
Assim, os autores concluíram que pacientes hospitalizados com COVID-19 que apresentaram maiores IMCs, particularmente os obesos grau III, apresentam maior risco de morte intra-hospitalar e de ventilação mecânica, eventos tromboembólicos e realização de hemodiálise, especialmente mais jovens (<50 anos).