Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro indica que entre os adolescentes estudados, bebidas são importantes marcadores do perfil nutricional do desjejum e que as escolhas alimentares nessa refeição estão relacionadas com a ingestão diária de energia e nutrientes, possivelmente porque os adolescentes adotam escolhas alimentares semelhantes nas outras refeições.
Trata-se de um estudo transversal que incluiu 1.133 adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Todos eram alunos de escolas públicas em Niterói, Rio de Janeiro. As informações sobre o consumo alimentar no desjejum foram obtidas através de um recordatório alimentar de 24h.
Do total de adolescentes incluídos, 52% eram do sexo feminino, 77% frequentaram a escola no turno da manhã e 30% estavam acima do peso. A idade média foi de 11 anos.
O hábito de não consumir o desjejum foi observado em 16% (n=180) dos adolescentes, e foi mais frequente entre aqueles que estudavam no período da manhã (18%), em comparação com os que estudavam à tarde (10%, p<0,01), bem como entre os adolescentes com sobrepeso (20%), em comparação aos eutróficos (15%, p=0,04).
A ingestão média diária de energia, macronutrientes, cálcio e doses de vitamina A foi significativamente maior entre aqueles que tinham o hábito de realizar o desjejum. A contribuição da refeição para o consumo diário de energia foi de 18%.
A análise do perfil alimentar demonstrou que os alimentos consumidos com mais frequência no desjejum foram: pão (64%), doces (58%), manteiga ou margarina (50%), leite e bebidas à base de leite (49%), leite com chocolate (37%), café e chá (34%). As frutas foram consumidas apenas por 4% dos estudantes.
Como a bebida foi o item alimentar que marcou a diferença entre os padrões do desjejum, os adolescentes foram agrupados em 5 perfis: 1 – Leite ou bebidas à base de leite (46%), 2 – café ou chá (31%), 3 – bebidas açucaradas (13%), 4 – não consumo de bebidas no café da manhã (6%), e 5 – consumo de mais do que um tipo de bebida no café da manhã (4%).
Os adolescentes que relataram não consumir bebidas no café da manhã, relataram maior consumo de frutas e cereais em relação aos adolescentes dos outros perfis.
Não houve diferenças na composição nutricional entre os diferentes perfis nutricionais. No entanto, foram observadas diferenças significativas para a ingestão de açúcar adicionado. Os adolescentes que consumiam bebidas açucaradas apresentaram maior ingestão média de açúcar no desjejum (38g).
“Este estudo demonstrou que a qualidade do desjejum está associada com o tipo de bebida incluída na refeição. O consumo de bebidas adoçadas com açúcar estava ligado ao consumo de alimentos com alto teor de gordura e açúcar, considerado típico de uma dieta de baixa qualidade. O consumo de leite e bebidas à base de leite foi relacionada com um aumento da ingestão de cálcio e a vitamina A ao longo do dia.”, concluem os autores. “Esses achados podem apoiar as iniciativas para promover a alimentação saudável e desencorajar o consumo de bebidas adoçadas com açúcar, que são conhecidas por desempenhar um papel crucial na epidemia mundial de sobrepeso e obesidade”, afirmam.