O organismo humano, para manter seus processos vitais, necessita de um consumo alimentar adequado, capaz de suprir suas necessidades energéticas. Pensando nisso, após realizar a avaliação nutricional, a estimativa de necessidade de energia é de suma importância para o começo do planejamento alimentar do paciente, tendo como prioridade promover um equilíbrio e adequação na homeostase do indivíduo.
Há várias maneiras de realizar a estimativa de energia e a escolha do método adequado evita situações de subalimentação e superalimentação do paciente. Os métodos disponíveis podem ser divididos em: método direto, indireto e duplamente indireto, como descrevemos abaixo:
- Método de avaliação direta: corresponde ao exame de calorimetria direta, método que mede o metabolismo basal pela determinação da quantidade de calor produzida a partir da oxidação de substratos energéticos, além do vapor de água liberado pela respiração e pela pele.
- Método de avaliação indireta: corresponde à avaliação por calorimetria indireta ou água duplamente marcada. Tais métodos correspondem a determinação de energia através da avaliação de consumo de O2 e produção de CO2 e, a partir dessa avaliação, calcula-se o gasto energético através da fórmula de Weir [GE = [3,9 (VO2) + (VCO2) 1,44 – 2,17 (UN)], sendo UN = nitrogênio urinário. Apesar de serem métodos mais precisos, acabam ficando mais restritos a pesquisas científicas e utilizados para validar equações preditivas.
- Método de avaliação duplamente indireta: esse método corresponde às equações por predição, sendo a fórmula mais conhecida, a produzida por Harris e Benedict em 1919, que consiste em avaliar o GET de homens e mulheres pelo peso, altura, idade e fator atividade.
Mulheres: GER (Kcal) = 655 + 9,56 x peso + 1,85 x altura – 4,68 x idade
Homens: GER (Kcal) = 66,5 + 13,75 x peso + 5,0 x altura – 6,78 x idade
Desde a criação da equação de Harris e Benedict, outras equações surgiram, para diversos públicos e aplicações clínicas, no entanto, todas todas levam em consideração informações como peso, altura, idade e fator atividade.
Mas ainda fica a dúvida, qual método é mais adequado para essa avaliação?
Recentemente foi avaliado a eficácia da utilização de equações por predição e a utilização da calorimetria, o estudo mostra que as equações de equivalência têm um desempenho baixo a moderado em sua precisão, aumentando assim os riscos de subalimentação e superalimentação nos pacientes, por apenas estimar a necessidade individual do paciente. Já a avaliação realizada por calorimetria indireta, mostra uma maior confiabilidade na determinação do gasto energético, colaborando para uma melhor conduta nutricional, principalmente em situações específicas, quando há necessidade de maior exatidão do cálculo das necessidades energéticas ou não é possível obter as informações de peso e altura reais do paciente, como no caso de pacientes idosos, pacientes críticos, desnutridos ou com alguma doença crônica.
No entanto, o método de calorimetria indireta ainda tem seu uso limitado no dia a dia da prática clínica, principalmente devido ao alto custo do equipamento. Conclui-se, então, que apesar da baixa exatidão, por se tratar de métodos duplamente indiretos, as fórmulas centenárias de Harris e Benedict, assim como outras equações preditivas, ainda são consideradas a melhor forma de estimar o gasto energético, principalmente no caso de indivíduos saudáveis, sendo indicado o uso de calorimetria indireta sempre que houver essa possibilidade, sobretudos para pessoas enfermas.
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