Estudo investigou o valor preditivo da composição corporal e força muscular sobre os desfechos clínicos de pacientes com falência intestinal crônica em uso de nutrição parenteral domiciliar (NPD). Para isso, foi realizado estudo de coorte observacional retrospectivo em um período de doze meses a seis anos e foram utilizados dados antropométricos, força de preensão palmar (FPP), bioimpedância, dados clínicos e demográficos para as avaliações.
Foram incluídos no estudo 77 pacientes estáveis, sem atividade inflamatória, com idade média de 59,1 anos, IMC médio de 20kg/m², sendo que 73% eram mulheres e a média de período de avaliação foi de 24,3 meses. O número médio de reinternações foi de 2 por ano e essas se associaram ao ângulo de fase (AF)(p=0,009) e FPP (p= 0,012). A análise multivariada confirmou o AF como uma variável independente e significante dessa associação (p=0,007). O tempo médio de internação foi de 23,2 dias. O único parâmetro que se associou ao tempo de internação foi o AF, tanto por análise univariada (p=0,019) quanto multivariada (p=0,049).
No período da análise, 21% dos pacientes morreram. O índice de massa livre de gordura e o ângulo de fase abaixo do normal se associaram com a sobrevida (p=0,04 e p=0,007, respectivamente), de forma independente e significativa, sendo que baixo índice de MLG aumentou a mortalidade em quatro vezes e um baixo AF em cinco vezes. Pacientes com valores baixos de FPP e AF, concomitantemente, apresentaram aumento de taxa de mortalidade em comparação aos que possuíam estes valores dentro da normalidade (p=0,04).
Assim, os autores concluíram que em pacientes ambulatoriais com falência intestinal crônica em NPD o ângulo de fase prediz o número de reinternações e tempo de internação hospitalar; a força de preensão palmar se associou ao número de readmissões; e o ângulo de fase e o índice de massa livre de gordura se associaram com a sobrevida. Destaca-se, portanto, a importância da avaliação e acompanhamento nutricional para esses pacientes.
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