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Condição imune tem influência sobre o sucesso de novo tratamento contra diabetes tipo 1

Um estudo conduzido por pesquisadores brasileirosinvestigou um método para tratar o diabetes tipo 1 baseado no transplante autólogode células-tronco hematopoiéticas (TACTH), ou seja, de células retiradas da medulaóssea do próprio paciente. Foi demonstrado que 12 anos após o transplantealguns dos voluntários se tornaram (e permaneceram) livres das injeções deinsulina, enquanto outros voltaram a usar insulina poucos meses após receberemo tratamento.

Os autores explicam que, como o diabetes tipo 1 é umadoença autoimune, a proposta do tratamento é “desligar” temporariamente osistema imunológico com o uso de medicamentos quimioterápicos e, em seguida,“reiniciá-lo” por meio do TACTH.

De 2003 a 2014, Malmegrim e colaboradores acompanharam 21pacientes com diabetes tipo 1 após TACTH, que foram avaliados a cada 6 mesespara verificar a duração da independência de insulina, níveis de peptídeo C,frequência de linfócitos T autorreativos (capaz de reconhecer e “atacar”especificamente as proteínas secretadas pelas ilhotas pancreáticas) e linfócitosT reguladores (TREG, linfócito com papel imunossupressor que ajuda acombater a autoimunidade).

As doses de insulina foram progressivamente reduzidasapós TACTH, com base nos níveis glicêmicos até à suspensão completa. Na média,o efeito terapêutico durou 42 meses (3,5 anos), mas variou entre 6 meses e 12anos (tempo máximo de seguimento até o momento). Dez pacientes permaneceramisentos de insulina por menos de 3,5 anos após TACTH e, portanto, foramchamados de “grupo de remissão curta”. Onze pacientes persistiram seminsulina durante pelo menos 3,5 anos, portanto, rotulados como “grupo deremissão prolongada”. Dos 11 pacientes no grupo de remissão prolongada,três pacientes continuam livres das injeções de insulina após 10, 11 e oterceiro após 12 anos. De 30 a 42 meses de seguimento, não houve alteração noestado de uso de insulina, independentemente de os pacientes serem livres oudependentes de insulina.

A partir desses resultados, os cientistas compararam operfil dos voluntários que ficaram livres de insulina por menos de 42 meses como perfil daqueles que ficaram por mais que esse período. Após analisar amostrasde sangue dos pacientes antes do tratamento e a cada ano após o transplante,foi possível quantificar isoladamente os linfócitos T autorreativos, método quepermite avaliar o quanto o sistema imune estava agredindo o pâncreas.

Os resultados demonstraram uma associação clara entre ummaior número de linfócitos autorreativos no pré-transplante e uma pior respostaao tratamento.

No grupo de pacientes que respondeu bem ao tratamento, aterapia celular foi capaz de reequilibrar o sistema imune graças ao aumento naproporção de TREG. Já nos pacientes que possuíam maior quantidade delinfócitos autorreativos antes do transplante, esse equilíbrio não ocorreu.Mesmo havendo um aumento na quantidade de TREG com o tratamento, oslinfócitos autorreativos continuaram a se sobressair.

“O que ainda não sabemos é se são células novas que sediferenciaram a partir das células-tronco transplantadas, ou se são sobras delinfócitos autorreativos que não foram destruídos pela quimioterapia e voltarama se multiplicar”, afirmam os autores. “Para abordar essa questão, sãonecessários novos protocolos de TACTH incluindo um regime imunossupressorprévio mais agressivo para evitar que permaneça no organismo qualquer resquíciodos linfócitos T autorreativos”, concluem.

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