Este estudo teve como objetivo determinar a conscientização, percepções e práticas de profissionais de saúde australianos sobre desnutrição e sarcopenia em pacientes oncológicos. Para isso, foram incluidos 111 médicos, nutricionistas e enfermeiros que trabalhavam com pacientes oncológicos há no mínimo 15 anos, que responderam a um questionário on-line. A pesquisa incluiu perguntas relacionadas a quatro áreas principais: (1) conscientização e compreensão da desnutrição e sarcopenia, (2) percepção de responsabilidade, (3) confiança na identificação e gestão adequada e (4) barreiras e facilitadores para identificação e gestão adequada.
86% dos participantes identificaram o critério atual para diagnóstico de desnutrição e 88% para sarcopenia. A maioria, 89%, avaliou a desnutrição e a sarcopenia como muito importantes na gestão de pessoas com câncer e 86% elencaram a desnutrição e sarcopenia como muito ou extremamente importantes no manejo destes indivíduos. A percepção de responsabilidade foi alta: 84% dos indivíduos concordaram que era parte de sua função identificar paciente desnutrido ou sarcopênico e realizar o manejo adequado. Dos entrevistados, 60% acreditavam que a responsabilidade de identificar esses pacientes é de toda a equipe, 40% da equipe médica e 37% dos nutricionistas e que no tratamento destas situações a maioria acredita ser de responsabilidade do nutricionista. Ainda, 74% estavam confiantes na identificação da desnutrição e 53% da sarcopenia e 66% estavam cientes dos protocolos baseados em evidencias para manejo da desnutrição em indivíduos com cancer.
Barreiras e facilitadores para identificação da desnutrição e sarcopenia também foram
classificados. 39% e 23% dos participantes, respectivamente, não relataram barreiras em seus serviços de saúde, enquanto 17% e 25%, respectivamente, não tinham conhecimento de quaisquer facilitadores. Acesso a recursos, falta de confiança e tempo foram apontados como as maiores barreiras, enquanto utilização de protocolos para apoiar a prática e o treinamento foram descritos como os maiores facilitadores. Com relação ao manejo da desnutrição ou sarcopenia, 36% e 26% dos participantes, respectivamente, não relataram barreiras em seus serviços, enquanto 17% e 27% não tinham conhecimento sobre nenhum facilitador. As barreiras para manejo mais frequentemente relatadas foram a falta de serviços para gerenciar essas condições e conhecimentos e habilidades para prestar cuidados adequados, enquanto os facilitadores mais pontuados incluiram recursos apropriados e implementação de protocolos.
O estudo demonstrou alta conscientização e reconhecimento da importância da desnutrição e sarcopenia relacionadas ao câncer. Porém, os participantes identificaram barreiras substanciais para oferecer um atendimento nutricional adequado, o que evidencia a importância de orientação em nível nacional para fortalecer a abordagem do manejo dessas alterações comuns em pacientes oncológicos.