Pesquisadores americanos publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition um estudo que avaliou o consumo de ácidos graxos durante a gestação e concluiu que as mães que apresentavam aumento no consumo de ômega-3 tiveram filhos com menor adiposidade.
Trata-se de um estudo de coorte que teve o objetivo de avaliar a associação entre as quantidades de ácidos graxos ômega-3 (n-3) e 6 (n-6) presentes na dieta materna e suas concentrações sanguíneas com a adiposidade infantil em crianças de até 3 anos de idade. Os autores trabalharam com a hipótese de que uma maior exposição pré-natal aos ácidos graxos n-3 seria inversamente associada com obesidade infantil.
Foram recrutadas gestantes entre os anos de 1999 a 2002, atingindo um total de 1120 gestantes e seus respectivos filhos avaliados do nascimento até 3 anos de idade. A adiposidade infantil foi medida pela soma das dobras cutâneas subescapular e tricipital, sendo o risco de obesidade medido pelo índice de massa corporal maior ou igual ao percentil 95 para idade e sexo.
Nas mães, a média do consumo de ômega-3 foi de 0,15 ± 0,14 g de EPA (ácido eicosapentaenoico) + DHA (ácido docosahexaenoico)/dia. Nas crianças, a soma das dobras cutâneas foi de 16,7 ± 4,3 mm, e 9,4% das crianças estavam obesas. A análise estatística mostrou que a cada aumento nas concentrações sanguíneas de DHA + EPA houve diminuição na soma das dobras cutâneas [-0,91 mm (IC 95%: -1,63, -0,20 mm)], além de menor risco para a obesidade (risco relativo de 0,68). Foi constatado também que a maior proporção plasmática de n-6: n-3 esteve associada à maior somatória das dobras cutâneas e probabilidades de desenvolver obesidade.
“Estes resultados sugerem que a maior ingestão de fontes dos ácidos graxos ômega-3 durante o pré-natal estão associados com menor adiposidade na infância. Nesta coorte, como em outras populações da América do Norte e Europa Ocidental, o consumo de alimentos fontes de ácidos graxos ômega-3 durante a gestação ainda está bem abaixo das concentrações recomendadas”, comentam os pesquisadores.
“Estudos anteriores constataram que maior ingestão de ácidos graxos ômega-3 pode estar associada com menores taxas de obesidade e melhor desenvolvimento neurocognitivo. Estudos posteriores deverão fornecer evidências adicionais sobre a contribuição destes ácidos graxos na prevenção de desfechos relacionados com a adiposidade na infância”, concluem.
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