Estudo brasileiro conduzido por Miranda investigou se a associação entre o risco genético (RG) e pressão sanguínea (PS) seria modificada pelo consumo usual de café em indivíduos saudáveis. Os participantes responderam a questionários sobre ingestão dietética, estilo de vida (atividade física, tabagismo e uso de drogas) e características sócio-demográficas, passaram por avaliação antropométrica e aferição de pressão arterial, e tiveram coletadas amostras de sangue para extração do DNA e genotipagem e avaliação da presença de polimorfismos previamente associados com a hipertensão arterial
Fizeram parte do estudo 533 indivíduos com 20 anos ou mais, sendo 44,9 anos a média de idade. A média de consumo de café foi de 138 ml/dia, sendo que 87,6% dos indivíduos consumiam a bebida. A maioria dos indivíduos com pressão sistólica alta apresentaram o genótipo CT para polimorfismo em CYP1A1/CYP1A2 (rs2470893, rs2472297) e o genótipo AA para o polimorfismo em MTHFR (rs17367504). Após ajuste das variáveis, os dados sugeriram que o RG contribuiu independentemente para uma maior probabilidade de pressão sanguínea -PS (OR=1,85), pressão sistólica – PAS (OR=2,30) e diastólica – PAD (OR=1,66) elevada nesta população. Os efeitos da interação do consumo de café com RG foram estatisticamente significantes sobre a PS, PAS e PAD (p=0,026; 0,035 ; 0,026; respectivamente), sendo que essa associação positiva entre RG e PS alta foi impactada pela quantidade de café consumida. A presença de polimorfismos aumentou a probabilidade de PS alta em 5 vezes nos participantes com alto consumo de café (>3 xícaras ao dia). Entre os indivíduos com baixo e moderado consumo de café (<50ml/dia e 50 a 150ml/dia) as associações não foram significativas.
Assim, os autores concluíram que consumo habitual de café e a predisposição genética à hipertensão podem interagir entre si e influenciar a PS em uma população brasileira, sendo essa associação relacionada à quantidade de café consumida. Trona-se importante a redução da ingestão de café em indivíduos geneticamente predispostos a esse fator de risco cardiovascular.
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