Um estudo publicado pelo British Medical Journal (BMJ) demonstrou que mulheres que bebiam mais de três copos de leite por dia demonstravam maior tendência a sofrer fraturas que mulheres consumindo menores quantidades do produto.
Trata-se de um estudo observacional no qual os pesquisadores analisaram dados de duas grandes coortes suecas: uma contou com a participação de 61.433 mulheres e a outra com 45.339 homens. Em ambos os estudos, os participantes responderam um questionário de frequência alimentar no início, após 10 e 20 anos de acompanhamento. Foi aplicado uma análise multivariada de modelos de sobrevivência para determinar a associação entre o consumo de leite e fratura óssea.
A média de ingestão de leite no início do acompanhamento foi de 240 g por dia para as mulheres e 290 g por dia para os homens. Após 20 anos, 17.252 mulheres tiveram fratura óssea, das quais 4.259 tiveram fratura de quadril. O acompanhamento dos homens durou 13 anos, e ao final, 5.379 participantes tiveram fratura óssea, dos quais 1.166 tiveram fratura de quadril.
Em uma análise com base em uma avaliação de exposição única os pesquisadores observaram que as mulheres que consumiam três ou mais copos de leite por dia apresentaram um risco 50% maior de sofrer fraturas de quadril. Para os homens, os resultados demonstraram uma tendência parecida, porém menos acentuada.
Produtos à base de leite fermentado, como o iogurte, apresentaram o padrão oposto, o maior consumo reduziu o risco de fraturas. Os autores explicam que um fator que pode influenciar a força óssea é a D-galactose, que estudos experimentais já mostraram acelerar o envelhecimento em alguns animais. Esse açúcar é encontrado em maior quantidade em produtos lácteos não fermentados.
Fatores como o peso e o consumo de álcool e prática de atividade física não forasm levados em conta.
Os autores concluem que um maior consumo de leite não está acompanhado por um menor risco de fratura óssea e em vez disso pode ser associado a uma maior taxa de mortalidade. No entanto, alertam que os resultados apontam uma tendência e não devem ser interpretados como prova de que o maior consumo de leite causou as fraturas e fragilidade óssea.
Os autores defendem ainda que as recomendações sobre o consumo de leite não sejam alteradas até que se conduzam mais pesquisas sobre o tema.