Estudo publicado na revista Clinical Nutrition demonstrou que mulheres com anorexia nervosa (AN) e perda de massa óssea apresentam deficiência de vitamina K. O interesse pelo estudo partiu da observação de que a osteoporose é uma complicação importante em pacientes com AN e que a deficiência de vitamina K pode reduzir a densidade mineral óssea e aumentar o risco de seu desenvolvimento. Seu objetivo foi investigar níveis séricos de vitamina K em mulheres com anorexia nervosa, com o intuito de colaborar com dados que pudessem nortear recomendações para prevenção e tratamento de osteoporose nessa população.
Cinquenta e quatro mulheres amenorreicas (29 do tipo restritiva, 25 do tipo compulsão periódica/purgativa) com AN há uma média de 107,3 meses, idade média de 28 anos e índice de massa corporal médio de 14,8 kg/m2 foram estudadas em comparação a quinze mulheres saudáveis da mesma faixa etária. Os autores avaliaram perda de massa óssea por densitometria; níveis séricos de osteocalcina subcarboxilada (OS), como marcador inversamente proporcional e indireto de vitamina K; níveis séricos e urinários de outros marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo, como osteocalcina, fosfatase alcalina óssea e cálcio; além de marcadores nutricionais, como leptina e adiponectina. A ingestão dietética de vitamina K também foi estimada, através da aplicação de um questionário desenvolvido no Japão que avaliou pelo período de uma semana a frequência da ingestão de legumes e natto, um laticínio típico de Japão feito a partir de grãos de soja cozidos e fermentados.
Dados da densidade mineral óssea lombar e de marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo confirmaram perda de massa óssea em pacientes com AN. Os níveis séricos de leptina foram menores e de adiponectina encontraram-se maiores em pacientes com AN do que em seus controles saudáveis, o que sabidamente contribui para osteopenia na AN. Em relação ao marcador OS: seus níveis séricos foram maiores em mulheres com AN do que em mulheres saudáveis, caracterizando deficiência de vitamina K em 17% das pacientes com AN do tipo restritiva e em 40% das pacientes com AN do tipo compulsão periódica/purgativa. Porém, os níveis séricos de OS correlacionaram-se inversamente com a ingestão de vitamina K em pacientes com AN.
Em conjunto, esses resultados indicam que mulheres com AN apresentam deficiência de vitamina K óssea, principalmente aquelas com AN do tipo compulsão periódica/purgativa. “Uma vez que a suplementação de vitamina K pode ser eficaz para a manutenção da qualidade óssea, recomendamos sua ingestão para a prevenção e tratamento da osteoporose em pacientes com AN”, concluem os autores.