Em estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition, pesquisadores demonstraram que o risco de depressão diminui entre mulheres com maior consumo de vitamina B6 e entre homens com maior ingestão de vitamina B12.
Trata-se de um estudo longitudinal conduzido no Canadá, o Nuage (Québec Longitudinal Study on Nutrition and Aging), do qual foram recrutados 1.368 participantes (74 ± 4 anos; 50,5% mulheres) que não tinham depressão no início do estudo. Os participantes foram acompanhados anualmente quanto à incidência de depressão ou uso de medicamentos antidepressivos. A ingestão das vitaminas foi classificada como proveniente apenas da alimentação ou alimentação + suplementos. Vários modelos de regressão logística estratificada por sexo foram ajustados para idade, atividade física, função física, eventos estressantes e consumo total de energia.
Durante 3 anos de acompanhamento, 170 (12,5%) participantes identificados como deprimidos. Desse total, 36 (20 mulheres, 16 homens) foram identificados com base somente no uso de medicação antidepressiva.
Quando o controle para idade, atividade física, função física e eventos estressantes da vida, as mulheres, no mais alto tercil de ingestão de vitamina B6 na dieta (maior ou igual a 1,71 mg/dia), apresentaram 43% menos probabilidade de desenvolver depressão nos 3 anos de acompanhamento, em comparação com as mulheres no tercil mais baixo de ingestão (menor ou igual a 1,33 mg/dia). Esta associação protetora não foi mais significativa após o controle da ingestão total de energia. Nos homens, não houve associação de ingestão vitamina B6 e depressão.
Os homens no tercil mais alto de ingestão de vitamina B12 na dieta (maior ou igual a 4,79 µg/dia) apresentaram 58% menos probabilidade de ficar deprimidos em comparação com os homens no tercil mais baixo (menor ou igual a 3,16 µg/dia) após controle de todos os fatores de confusão, incluindo o consumo de energia. A ingestão de vitamina B12 não foi associada com a incidência de depressão em mulheres.
Em modelos não ajustados, o risco de depressão foi menor entre as mulheres no tercil mais alto de ingestão de ácido fólico na dieta (maior ou igual a 390 mg/dia como folato dietético equivalente), mas o efeito não era significativo, uma vez controlado para fatores de confusão. Não foi observada associação entre folato e depressão em homens.
“Esse estudo fornece algumas evidências de que risco de depressão diminui entre as mulheres com maior ingestão de vitamina B6 proveniente dos alimentos, dependendo da ingestão total de energia, e entre os homens com maior ingestão de B12, independente da ingestão de energia”, concluem os autores. “Embora manter um consumo adequado em quantidade e qualidade de alimentos fontes dessas vitaminas pode ter um papel na proteção de adultos mais velhos, geralmente improváveis de se tornarem deprimidos, essas associações justificam uma investigação mais aprofundada em pessoas mais velhas, cujas dietas são mais comprometidas”, afirmam.