O fígado desempenha um papel fundamental na digestão, absorção e metabolismo de carboidratos. Com isso, pacientes com doença hepática avançada correm alto risco de desnutrição, chegando à média de 50-75% dos pacientes cirróticos desenvolverem este estado nutricional.
Estudo multicêntrico avaliou o impacto da fragilidade na mortalidade em pacientes listados para transplante de fígado, e encontrou que pacientes com fragilidade apresentaram risco duas vezes maior de mortalidade na lista de espera. A desnutrição está correlacionada com a gravidade da doença hepática e sua prevenção é um fator chave na manutenção da elegibilidade para o transplante de fígado.
Estudo prospectivo de 63 pacientes críticos internados em uma UTI demonstrou que, na primeira semana de internação na UTI, pode ser observada uma diminuição de 10 a 30% na massa muscular. Há muitas ferramentas validadas de rastreamento de desnutrição disponíveis para uso no ambiente hospitalar; no entanto, poucas foram validadas na população de doenças hepáticas crônicas.
Para a maioria dos pacientes com insuficiência hepática, recomenda-se 25 a 30 kcal/Kg; para pacientes que apresentam sinais de desnutrição grave e descompensação significativa, deve-se considerar um suprimento calórico mais alto de 30 a 40 kcal/kg. Lanche noturno, que reduz o consumo de proteína periférica por energia, e suplementos orais são intervenções úteis para auxiliar na recuperação do estado nutricional do paciente. Nos casos de disfunção hepática avançada, as anormalidades metabólicas exacerbam ainda mais os déficits nutricionais devido ao aumento do gasto energético e ao catabolismo proteico.
No ambiente da UTI, recomenda-se o início precoce da terapia nutricional, incluindo alimentação por sonda, desde que se avalie o caso específico do paciente.
Uma das complicações frequentes da doença hepática é a encefalopatia hepática e terapias nutricionais como lanches noturnos, redução do tempo de jejum, suplementação de BCAAs, probióticos e zinco são tratamentos potenciais. Por outro lado, deficiências de zinco e tiamina podem implicar em riscos para a encefalopatia hepática. A insuficiência hepática aguda é uma condição rara, com um curso rápido e progressivo, limitando, assim, os ensaios clínicos prospectivos nessa condição e os dados sobre nutrição permanecem limitados.
A desnutrição proteica-calórica na cirrose avançada contribui ainda para muitas complicações, incluindo perda progressiva de massa muscular e declínio funcional associado, o que, por sua vez, tem implicações a longo prazo para o prognóstico dos pacientes.
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