Para examinar a prevalência de disfunção e doença autoimune da tireoide durante o primeiro trimestre da gravidez, Veltri e colegas conduziram um estudo prospectivo que contou com 1.900 mulheres grávidas na Bélgica. Nenhuma das mulheres tinha histórico de doenças da tireoide e aquelas que tomaram suplementos à base de ferro na primeira consulta pré-natal foram excluídas.
Durante a primeira visita pré-natal foram realizados exames para avaliar os níveis de ferritina, anticorpo anti-tireoperoxidase (Anti-TPO), hormônio tireoestimulante (TSH) e tiroxina livre (T4) e foram registrados idade e índice de massa corporal (IMC) das participantes.
A deficiência de ferro foi definida como um nível de ferritina sérica 60 kUI/L, e hipotireoidismo subclínico foi definido como um nível de TSH >2,5 mUI /L.
Os resultados demonstraram que 35% das mulheres apresentaram deficiência de ferro (p < 0,001).
Os níveis de TSH foram significativamente maiores entre as mulheres com deficiência de ferro (p = 0,015), e os níveis de T4 foram significativamente inferiores em mulheres com deficiência de ferro (p < 0,001).
Os resultados demonstraram que as mulheres com deficiência de ferro tinham uma prevalência significativamente maior (10%) de doença autoimune da tireoide do que as mulheres não deficientes (6%) (p = 0,011) e uma prevalência significativamente maior de hipotireoidismo subclínico – 20% nas deficientes e 16% nas não deficientes (p = 0,049).
“Este achado é importante porque a doença autoimune da tireóide em mulheres grávidas aumenta o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer em comparação com mulheres não afetadas por essa deficiência”, concluem os autores. “Essas novas descobertas demonstram que ainda há um problema com deficiência de ferro, mesmo em áreas urbanas”, afirmam. Os autores enfatizam ainda a importância da ingestão de alimentos ricos em ferro por mulheres que estiverem planejando uma gestação.