A pandemia de COVID-19 tem afetado o sistema de saúde por todo o mundo e causado um enorme número de mortes. Aproximadamente 90% dos pacientes hospitalizados apresenta uma ou mais das seguintes condições: HAS, doença pulmonar crônica, DM, doença cardiovascular, câncer e obesidade.
Estudo avaliou o suporte nutricional em pacientes com COVID-19 em ventilação mecânica e a associação entre déficit calórico precoce e mortalidade.
Para realizar o estudo foram incluídos pacientes com diagnóstico de COVID-19 em ventilação mecânica. Os pacientes foram pesados, foram coletadas informações de seus históricos clínicos, terapia nutricional (TN) recebida e calculado a necessidade nutricional (25 kcal/kg e 1,3g prot/kg/dia).
Fizeram parte do estudo 222 pacientes, sendo que 209 receberam terapia de nutrição enteral, 33 receberam nutrição parenteral complementar, 4 nutrição parenteral total e 9 pacientes não recebiam nenhum tipo de TN. No quarto dia de internação na UTI, 65,2% e 36,4% dos pacientes receberam suas necessidades calóricas e proteicas, conforme calculado e no sétimo dia, essa porcentagem subiu para 77% e 46,65, respectivamente. Após uma média de 14 dias de internação na UTI, 72 (32,4%) dos pacientes morreram, sendo 13 a média de dias em ventilação mecânica. Dos pacientes, 29,3% ficaram na posição de prona, e isso não influenciou a ingestão nutricional destes, em comparação aos não pronados. Após análises, verificou-se que atingir as necessidades nutricionais até o dia 4 de internação associou-se a menor mortalidade em UTI. Obesidade grau 1 foi associada a maior mortalidade em UTI, e pacientes com obesidade grau 2 tinham menos chances de serem retirados da ventilação mecânica. Não houve interação entre categorias de IMC e ingestão calórica com sobrevida ou desmame da ventilação mecânica.
Dessa maneira o estudo confirmou o prognóstico negativo e o papel clínico da obesidade em pacientes com COVID-19 ventilados mecanicamente e sugeriu que o déficit calórico precoce pode contribuir de forma independente para piorar a sobrevida nessa população de pacientes.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.