Estudo publicado na revista Nutrition observou que o risco de desnutrição era comum entrepessoas idosas e que a desnutrição ou o alto risco de desnutrição foramassociados a menor índice de qualidade de vida e maior perda de autonomiapessoal.
Trata-se de um estudo transversal que avaliou um total de102 participantes (61 mulheres e 41 homens) com idade superior a 75 anos emGarrucha (Almería), no sul de Espanha. Para detectar o risco nutricional os pesquisadoresutilizaram o teste Mini NutritionalAssessment (MNA) e a qualidade de vida foi avaliada pelo teste EuroQol-5D.Foram também determinados o índice de massa corporal, o nível de escolaridade,a atividade física, o histórico de doença, o uso de medicação e os hábitos tabagistase alcoólicos.
A maior parte da população apresentou estado nutricionalaceitável, sendo funcionalmente independentes e com melhor estado de saúdeavaliado pelo índice EuroQol-5D. No entanto, quase 20,6% estavam em risco dedesnutrição, especialmente mulheres e participantes com idade superior a 90anos. Foi encontrada associação negativa significativa (p <0,05) entre orisco de desnutrição e o índice de qualidade de vida.
A maioria da população apresentou estado nutricionalideal de acordo com os resultados do MNA (25,98 ± 3,4). No entanto, quase 20,6%dos participantes (n = 21) estavam em risco de desnutrição e 1,9% (n = 2) apresentaramdesnutrição. As mulheres apresentaram maior risco de desnutrição em comparaçãocom os homens, embora as diferenças não tenham sido estatisticamentesignificativas.
No entanto, foram encontradas diferenças significativaspor idade. O grupo com mais de 90 anos apresentou o menor escore médio de MNA(21,5 ± 7,9), valor correspondente ao risco de desnutrição. Embora este gruposeja muito pequeno e não se tire conclusões claras, é significativo que um detrês participantes era desnutrido e os outros dois apresentaram valores de MNAmuito próximos ao risco de desnutrição.
A população do estudo apresentou boa qualidade de vida. Oíndice médio de EQ-5D foi de 0,8 ± 0,3, próximo à ótima qualidade de vida. Noentanto, diferenças significativas também foram encontradas pela idade. O grupocom mais de 90 anos apresentou o menor índice médio de EQ-5D (0,4 ± 0,3),indicando um estado de saúde regular. As diferenças entre homens e mulheres nãoforam significativas, embora os homens apresentassem um EQ-5D ligeiramentesuperior.
Os indivíduos com melhor estado nutricional tambémapresentaram maior EQ-5D (P ≤ 0,001), coincidindo com indivíduos de escore MNAmais alto (P ≤ 0,05). Os resultados foram bastante consistentes com a avaliaçãosubjetiva do estado de saúde dos participantes. Apenas 6% dos indivíduos queestavam em risco de desnutrição de acordo com o MNA acreditavam que tinhamexcelente ou melhor estado de saúde quando avaliados subjetivamente.
Encontrou-se uma correlação alta e significativa entre oMNA e todas as dimensões avaliadas no EQ-5D, exceto na dimensão que avalia oestado de ansiedade e depressão. As pessoas desnutridas ou em risco dedesnutrição também apresentaram problemas de mobilidade, cuidados pessoais, dore desconforto e atividades diárias.
“O risco de desnutrição foi comum entre as pessoas idosasque moravam na comunidade. Os participantes que estavam desnutridos ou com altorisco de desnutrição também apresentaram menor índice de qualidade de vida emaior perda de autonomia pessoal”, concluem os autores. “Estudos de intervençãosobre o estado nutricional em idosos constituem uma importante linha depesquisa que deve ser encorajada, pois mudanças pequenas e bem direcionadaspodem trazer melhorias significativas na saúde dos idosos” afirmam.