Estudo avaliou a relação entre a qualidade da dieta materna antes da gravidez e o risco de leucemia linfoblástica e mielóide agudas na infância
Um estudo conduzido por pesquisadores da Califórnia, nos Estados Unidos, indica que o consumo materno de frutas e vegetais e uma maior ingestão de micronutrientes antes da gravidez podem estar associados a uma redução no risco de os filhos desenvolverem leucemia linfoblástica aguda (LLA) e leucemia mielóide aguda (LMA).
Estudos anteriores sobre nutrição materna e risco de leucemia infantil têm se concentrado no papel de nutrientes específicos como, tais como ácido fólico, e não consideraram medidas mais amplas de qualidade da dieta, o que pode captar melhor a ingestão de diversos nutrientes conhecidos por ter impacto no desenvolvimento fetal. Segundo os autores, tal fato inspirou o estudo caso-controle publicado no The British Journal of Nutrition, que avaliou a relação entre a qualidade da dieta materna antes da gravidez e o risco de LLA e LMA.
A ingestão dietética no ano anterior à gravidez foi avaliada utilizando questionário de frequência alimentar em 681 casos de LLA, 103 casos de LMA e 1076 controles pareados.
Os dados de frequência alimentar foram utilizados para calcular a pontuação do índice de alimentação saudável 2010 (healthy eating index, HEI-2010), uma medida da qualidade da dieta que avalia a conformidade da dieta com as orientações das diretrizes dietéticas para os americanos de 2010, base para todas as recomendações e políticas de nutrição do governo dos Estados Unidos. O HEI-2010 é considerado uma medida adequada da qualidade da dieta para mulheres grávidas ou lactantes e o índice de qualidade total da dieta varia de 0 (pior) a 33 (melhor).
Os pesquisadores utilizaram regressão logística para estimar o odds ratio (OR) e o intervalo de confiança (IC) de 95% para a pontuação contínua e quartis de qualidade da dieta.
De acordo com os resultados, o maior índice de qualidade da dieta materna foi associado com risco reduzido de LLA (OR 0,66; IC 95% 0,47, 0,93 para Q4 vs. Q1) e possivelmente LMA (OR 0,42; IC 95% 0,15, 1,15 para Q4 vs. Q1).
A associação da qualidade da dieta materna com o risco de LLA foi mais forte em crianças com diagnóstico antes dos 5 anos de idade e em crianças de mulheres que não relataram usar suplementos vitamínicos antes da gravidez.
“Nossos resultados demonstraram uma forte associação entre o índice de qualidade da dieta materna e o risco de leucemia infantil”, concluem os autores. “O estado nutricional materno durante a gravidez pode ter um papel no desenvolvimento de leucemia e os efeitos cumulativos de vários componentes da dieta podem ser mais importantes do que o efeito de um único nutriente”, afirmam.