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Distrações no momento da refeição podem causar alterações no paladar

 

Mulher deitada na cama comendo doce

Estudo investigou, através de mecanismos neurocognitivos, se uma alimentação distraída estaria associada a um aumento de ingestão calórica e excesso de peso.

Participaram do estudo 41 pessoas, sendo 31 mulheres e 10 homens, com idade entre 18 e 35 anos. Foram triados dados antropométricos (peso e altura) e resultados de IMC médio de 21,9 ± 1,89 e relação cintura-quadril (RQC) média de 0,80 foram levados em consideração. Os participantes foram convidados para duas sessões de testes experimentais: com baixa e alta distração.

Todos os participantes participaram das duas sessões, sendo metade do grupo na sessão de alta distração e a outra metade na sessão de baixa distração e após isso, a ordem era invertida. Os participantes foram orientados a não consumirem alimentos sólidos e tomarem bebidas açucaradas 6 horas antes do experimento, além de suspender o do uso de álcool (24 h) e drogas psicotrópicas (7 dias).

Para padronizar a percepção de fome dos participantes, todos eles foram orientados a ingerirem uma refeição padronizada 3 horas antes de cada sessão (iogurte sabor a morango: 200 g; 850 kJ, 6,0 g de proteína, 30,0 g de carboidratos, 6,0 g de gordura).

Durante a tarefa, os participantes receberam cargas de maior doçura (>120 g) ou menor doçura (<120 g) de leite com achocolatado ou uma solução sem sabor (60 g), através de pequenos tubos e apenas o grupo de alta distração se sentou à frente de uma TV para assistir um documentário. Após isso, todos receberam uma tigela cheia de confeitos de chocolate colorido e foram convidados a comer até se sentirem satisfeitos.

Após as sessões, os participantes responderam a diversos questionários (Na sessão 1: Sistema de Inibição Comportamental, Sistema de Abordagem Comportamental, Escala de Impulsividade de Baratt-11, Kirby; Na sessão 2: Binge Eating Scale, Questionário de Frequência Alimentar – Dieta Saudável Holandesa, Questionário holandês sobre comportamento alimentar e Escala de Alimentos), além de aferição de glicose e análise de percepção de fome e sede dos participantes.

No início, os participantes preferiram as bebidas com maior carga de doçura (Razão de variação: F (1,34) = 4,53; P = 0,041). Em seguida foram analisadas as regiões cerebrais que corresponderam a essa diferença (índice bilateral anatomicamente definido, bilateral + OFC bilateral do atlas AAL, aglomerados no lado esquerdo e ínsula certa) e no teste de efeito da distração (baixa ou alta) o cluster ínsula direito que respondeu à manipulação de doçura. A ingestão dos confeitos de chocolate após a sessão de distração não diferiu entre os testes (média: carga baixa = 65,6g (5,9), carga alta = 68,1g (6,8); t(1,40)=–0,61; P=0,546).

Os autores concluíram que apesar de o “comer distraído” ser constantemente associado ao aumento de sobrepeso e obesidade, o mecanismo neurocognitivo de resposta a essa hipótese permanece não fundamentado, apesar da maior distração atenuar a percepção neural de doçura nos alimentos. Um entendimento global dos motivos para o sobrepeso e obesidade deve ser levado em consideração, onde a atenção ao comer não deve ser descartada e pode ajudar na prevenção e tratamento do ganho de peso.

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