Muitos pacientes sobreviventes de doenças graves sofrem de fraqueza adquirida pelo tempo na UTI e o uso da ventilação mecânica prolongada. Desses pacientes até 10% com a doença na fase aguda necessitam de ventilação mecânica e acabam desenvolvendo a doença crônica, sendo menos de 12% desses indivíduos em um ano estarão vivos e independentes após a fase crítica da doença.
Com isso, os dois principais fatores que afetam diretamente a recuperação e sobrevivência desses pacientes são a desnutrição e descondicionamento físico. Sabendo-se disso, a suplementação nutricional, principalmente de proteínas juntamente ao exercício físico é proposto como uma forma de melhorar a recuperações desses pacientes, baseando-se em estudos realizados com pacientes idosos.
Foi realizada uma análise retrospectiva avaliando os efeitos de um protocolo de reabilitação baseado em mobilidade (PRBM) em uma coorte de sobreviventes de doença crítica. Participaram do estudo 32 pacientes, sendo 55% do sexo masculino e idade média de 60 anos. Todos receberam reabilitação com cuidados usuais (UC). O grupo PRBM recebeu 3 sessões adicionais de reabilitação baseada em mobilidade a cada semana por um período máximo de 8 semanas. Os indivíduos também foram avaliados quanto a ingestão de proteína e foram classificados como recebendo proteína alta (HPRO) ou proteína baixa (LPRO), com base na recomendação de 1,0g/kg/d, e então os indivíduos foram divididos em 4 grupos: PRBM + HPRO, PRBM + LPRO, UC + HPRO e UC + LPRO.
O grupo PRBM + HPRO obteve melhores resultados no desmame do ventilador mecânico (90% vs 38%, P = 0,045) e uma maior taxa de alta para casa (70% vs 13%, P = 0,037) em comparação àqueles do grupo UC + LPRO. Com tudo, apesar de ter tido uma taxa maior de alta pra casa, não se sobressaiu ao grupo que recebeu o mesmo tipo de reabilitação com a suplementação proteica de baixo teor (70% vs 20%, P = 0,10).
Após a analise dos resultados, foi concluída que a combinação do protocolo de reabilitação baseado em mobilidade e ingestão de alto teor proteico está associada a maior taxa de alta pra casa e a não necessidade da ventilação mecânica em sobreviventes de doenças criticas. Apesar dos resultados positivos, os autores ressaltam que ainda é necessário mais estudos para avaliar os verdadeiros benefícios de exercícios físicos com a intervenção nutricional.
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