Estudo teve como objetivo determinar a prevalência de compulsão alimentar – CA (desejo de consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares) associada ao estresse, qualidade de sono e cronotipo (momentos do dia em maior e menor alerta) entre 644 estudantes universitários (18 – 28 anos).
Os estudantes forneceram dados sociodemográficos, e responderam questionários relacionados à compulsão alimentar, cronótipo, escala de estresse e qualidade de sono. Foram mensurados peso e altura.
A prevalência de compulsão alimentar foi de 10,1%. 56,5% apresentaram baixa qualidade de sono, sendo que nos indivíduos com CA essa porcentagem subiu para 81,2%, e quando não havia presença de CA esse valor caiu para 57,2%. A maioria dos estudantes (70,2%) apresentava cronotipo intermediário, isto é, ficavam em alerta tanto pela manhã quanto a noite. Foi observada uma correlação negativa entre a escala de compulsão alimentar (YFAS) e a idade. Essa correlação foi significativa para o item “tolerância” e “consumo continuo mesmo com conhecimento sobre consequências adversas”. Houve também uma correlação positiva entre a YFAS, IMC e o consumo de cafeína. O escore de YFAS foi significativamente diferente entre indivíduos que moravam sozinhos, com a família e com colegas, sendo que este último significou os escores mais altos para YFAS. Não fumantes apresentaram os menores escores. Os escores de estresse e qualidade de sono se correlacionaram significativamente e positivamente com quase todos os critérios do YFAS. Após análise multivariada, idade, tabagismo, IMC, escore de estresse e de qualidade de sono permaneceram significativamente correlacionados ao escore YFAS.
A partir dos dados encontrados, os autores concluíram que a CA é relativamente frequente entre jovens e parece ser um fenômeno complexo, coexistindo com o estresse e baixa qualidade de sono. A combinação da baixa qualidade de sono, com estresse e cronotipo noturno podem em conjunto levar ao desenvolvimento de compulsão alimentar e seus efeitos podem ser cumulativos.