Estudo avaliou se a obesidade causaria alterações na via enzimática redox e consequentemente afetaria a função cardíaca e a morbidade.
Foram selecionados pacientes que realizaram cirurgia de by-pass coronariano e eles foram categorizados em três grupos: controle – C (IMC<25kg/m² ; n=19), sobrepeso – S (IMC 25 a 30 kg/m² ; n=25) e obesidade – O (IMC>30kg/m² ; n=17). Tecido miocárdico atrial excedente foi utilizado para as análises, sendo que as mitocôndrias foram isoladas para quantificação de superóxidos e aldeído desidrogenase, e foi analisada expressão proteica e detectado espécies reativas de oxigênio.
Foi observado aumento significativo de ROS nos grupos S (36%) e O (27%), aumento nos metabólitos 2-HE e etidio), demonstrando uma associação positiva entre aumento dos níveis de ROS mitocondrial e o IMC. Após a análise de regressão linear observou-se que um aumento no IMC levou a um aumento dos níveis de estress oxidativo no miocárdio em todos os pacientes estudados (p=0,014). A obesidade também induziu uma redução significante na expressão de eNOS (enzima produtora do vasodilatador oxido nítrico com efeito antiagregante e antiaterogênico) no tecido cardíaco em 22% dos participantes (p<0,001). Houve aumento de 78% (p=0,002) da enzima antioxidante Cu,Zn-SOD nos indivíduos obesos, como uma resposta compensatória ao aumento da produção de superóxido. A enzima mitocondrial ALDH-2, que é cardioprotetora para extensão do infarto e isquemia, reduziu de maneira dependente ao IMC, chegando a 25% no grupo O (p=0,002). A enzima HO-1, cardioprotetora, estava significativamente reduzida em pacientes obesos em 29% (p<0,001) em comparação ao grupo controle, e mostrou uma correlação inversa com o IMC. A VCAM-1, enzima proinflamatória, estava aumentada no grupo O em 63% (p=0,049), demonstrando o estado proinflamatório desses indivíduos.
Dessa maneira, os autores concluíram que o miocárdio de pacientes com by-pass arterial coronariano e aumento de IMC apresentou aumento do estress oxidativo e alterações enzimáticas sugestivas de defesa antioxidante inadequada, sugerindo que o miocárdio de pacientes com sobrepeso é mais susceptível ao dano causando pela isquemia e reperfusão durante cirurgia cardíaca ou síndromes agudas coronarianas e desenvolvimento de cardiomiopatias.