De acordo com um estudo publicado na revista Nature, os substitutos do açúcar podem aumentar o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes e obesidade, agindo sobre bactérias no intestino humano. “Estudos menores já demonstraram uma associação entre o uso de adoçantes artificiais e a ocorrência de distúrbios metabólicos. No entanto, este é o primeiro trabalho a sugerir que os adoçantes podem agravar a doença metabólica, e que isso poderia acontecer através do microbioma intestinal”, relatam os autores.
Os pesquisadores utilizaram camundongos com 10 semanas de idade que foram divididos em quatro grupos. O grupo controle teve glicose adicionada à sua água e nos outros três grupos,foram adicionadas sacarina, aspartame ou sucralose. Após 11 semanas de acompanhamento, os três grupos que tiveram adoçantes artificiais adicionados à sua água apresentaram intolerância à glicose, sendo que a sacarina exerceu efeito mais pronunciado. Após esses resultados, novos grupos de ratos foram acrescentados ao estudo, sendo alimentados com dieta contendo alto teor de gorduras.
Para entender a relação do consumo de adoçantes com a microbiota intestinal os ratos alimentados com dieta rica em lipídios foram tratados com antibióticos para matar as bactérias intestinais. Após 4 semanas de tratamento com antibióticos a intolerância à glicose cessou. Esses resultados sugerem que a intolerância à glicose induzida pelo consumo de adoçantes artificiais é mediada pela alteração que esses adoçantes causam na microbiota intestinal.
Para confirmar esses resultados, os pesquisadores recrutaram sete voluntários eutróficos e saudáveis, que normalmente não utilizavam adoçantes artificiais, para um pequeno estudo prospectivo. Os voluntários consumiram a dose diária máxima aceitável de adoçantes artificiais durante uma semana. Quatro tornaram-se intolerantes à glicose e tiveram seu microbioma intestinal alterado, estando associado com a susceptibilidade a doenças metabólicas.
“Os resultados ainda não propõem um mecanismo para o efeito dos adoçantes artificiais no microbioma, mas a compreensão de como esses compostos trabalham em algumas espécies no intestino pode inspirar-nos no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para doenças metabólicas”, concluem os autores.