Pesquisa publicada na revista Nutrition verificou que na prática hospitalar a nutrição parenteral (NP) geralmente não é fornecida em conformidade com as diretrizes estabelecidas. Além do não acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN), foi observado que apenas 75% das necessidades calóricas foram atingidas e na maioria das vezes a administração da NP foi ofertada por via periférica. Os pesquisadores realizaram um estudo clínico prospectivo em um centro hospitalar na Alemanha com o objetivo de investigar a adequação e conformidade do uso da NP. Para isso foram avaliados 107 pacientes hospitalizados, clínicos e cirúrgicos, com idade entre 24 a 88 anos que receberam NP, exclusiva ou associada, prescrita por médicos não especializados.
De acordo com algumas EMTN’s, os riscos associados com a NP incluem: complicações infecciosas, retenção hídrica, hiperglicemia, síndrome de realimentação, hiperlipidemia, sobrecarga renal, disfunção hepática e insuficiência respiratória. Por isso, as EMTNs são responsáveis em garantir a segurança e a qualidade da terapia nutricional. Nesse sentido, os médicos responsáveis pela gestão e prescrição da terapia nutricional recebem treinamento em nutrição clínica e NP, de acordo com as diretrizes desenvolvidas por algumas sociedades de nutrição, tais como a German Society of Nutritional Medicine (DGEM), European Society of Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) e American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN).
Embora houvesse uma EMTN atuante dentro do hospital, na maioria dos casos não foram consultados pela equipe médica para avaliar a prescrição da NP, por isso não satisfizeram as necessidades calóricas, de acordo com as recomendações da ESPEN, proporcionando um acentuado risco de desnutrição ou maior severidade. Recomenda-se o fornecimento da energia necessária a fim de diminuir o balanço energético negativo, podendo ser ofertada 25 kcal/kg/dia inicialmente, e administrada preferencialmente por cateter venoso central.
Em 69% dos casos a NP foi administrada por via periférica, e em 31% dos casos por via central. Vale ressaltar que os pacientes com cateter venoso central são mais propensos a atingir as metas calóricas. De fato, mesmo a NP periférica estando associada com a nutrição oral ou enteral ainda assim não atingiram as necessidades calóricas. Curiosamente, os pacientes com NP periférica atingiram as necessidades de micronutrientes.
“Para melhorar a qualidade da terapia nutricional na NP, uma EMTN deve ser estabelecida ou consultada, uma vez que esta tem o potencial para reduzir o custo do tratamento, minimizar o uso inadequado, reduzir a duração média da NP e número de testes laboratoriais necessários para monitorização, além de receber treinamentos periódicos, bem como os procedimentos operacionais padrões”, concluem os autores.
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