Estudo conduzido por Li e colaboradores avaliaram o risco nutricional e a terapia nutricional em pacientes críticos com COVID-19, utilizando os escores NUTRIC e NRS. Para isso foram selecionados 523 pacientes em um hospital em Wuhan, na China, para análises retrospectivas. Os pacientes foram confirmados com COVID-19 pelo rt-PCR e classificados em pacientes graves (377) e críticos (146) de acordo com parâmetros específicos. Foram coletados dados clínicos, SOFA, APACHE II, NRS, NUTRIC e mortalidade.
A idade média desses pacientes foi de 54,2 anos, sendo a maioria mulheres (52,1%) e 115 (22%) pacientes foram a óbito no decorrer do estudo. Os pacientes admitidos na UTI eram mais velhos e predominantemente homens, possuíam doenças crônicas e apresentaram maiores glicemia de jejum, marcadores de função renal e fatores inflamatórios; possuíam IMC, nível de HDL e de proteínas plasmáticas menores e 45% foram a óbito. Os pacientes que morreram na UTI apresentaram maiores pontuações de SOFA, APACHE II, NRS, NUTRIC, tempo médio de admissão em UTI de 2 dias (enquanto os sobreviventes apresentaram média de 1 dia), e realizaram mais NPT (p<0,001). Dentre os índices metabólicos nutricionais, o IMC, HDL, glicemia de jejum, ureia, creatinina, ácido úrico e proteínas plasmáticos se associaram significativamente a transferência para UTI e mortalidade; a hemoglobina e níveis de bilirrubina total se correlacionaram com a transferência para a UTI e colesterol total e LDL se relacionaram com mortalidade. O NUTRIC escore se relacionou com mortalidade e tempo de internação na UTI, e após ajuste de variáveis este foi capaz de predizer independentemente o risco de morte hospitalar, sendo que a cada ponto que aumenta no NUTRIC escore, o risco de morte aumenta 20%. O risco de morte não se alterou entre pacientes que iniciaram terapia nutricional antes ou após 48h de admissão na UTI, no entanto esse risco foi maior em pacientes que não receberam nenhuma terapia nutricional em comparação com os que receberam. Pacientes que apresentaram NRS ≥ 5 possuíram maior risco de morte que os que tiveram escore menor.
Dessa maneira, os autores concluíram que pacientes graves ou críticos com COVID-19 apresentaram maior risco de desnutrição, valores menores de IMC e proteínas plasmáticas se associaram significativamente com eventos adversos como transferência para UTI e óbito. NUTRIC e NRS escores podem ser utilizados para avaliar o risco nutricional de pacientes em UTI com COVID-19.
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