Pesquisadores norte-americanos identificaram que a enzima arginase é responsável pela disfunção endotelial e hipertensão arterial relacionada a obesidade, descoberta que, segundo os autores, pode levar a novas opções de tratamento para doenças vasculares relacionadas com a obesidade.
Em estudo publicado na revista Obesity, Johnson e colaboradores avaliaram a função endotelial e da expressão de arginase nas arteríolas do músculo esquelético de ratos obesos e magros. A atividade da arginase, biodisponibilidade da arginina e pressão arterial foram medidos em todos os animais.
Os resultados demonstraram que os ratos obesos apresentaram deficiência de arginina devido à elevada atividade da arginase, que é responsável pela degradação desse aminoácido. A atividade da arginase nos vasos sanguíneos era significativamente maior nos ratos obesos quando comparados aos ratos magros, o que levou a uma maior degradação da arginina presente no sangue e nas artérias.
Os autores explicam que a arginina é um precursor do óxido nítrico (ON), gás que relaxa os vasos sanguíneos e reduz a pressão arterial. A alta degradação de arginina pela arginase reduziu drasticamente os níveis de ON dos ratos obesos, o que levou à constrição dos vasos sanguíneos e consequente elevação da pressão arterial.
Nesse sentido, o estudo evoluiu para uma segunda etapa: determinação do melhor método para corrigir a deficiência de arginina. Para isso, foram utilizados dois métodos. Um contou com a suplementação de arginina (L-arginina ou D-arginina) e o outro contou com o uso de drogas para bloquear a ação da arginase.
A suplementação com L-arginina e o uso de inibidor de arginase melhorou a vasodilatação em ratos obesos, mas não em ratos magros, e isso foi associado a um aumento na biodisponibilidade sistêmica de arginina. A suplementação com D-arginina não apresentou nenhum efeito com relação à pressão arterial.
Diante de tais resultados, os autores concluem que a arginase promove disfunção endotelial e hipertensão arterial na obesidade, devido a redução da biodisponibilidade de arginina. As abordagens terapêuticas dirigidas à inibição da arginase nos vasos sanguíneos podem representar uma abordagem promissora no tratamento de doenças vasculares relacionadas com a obesidade.