Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros publicado na revista Clinical Nutrition demonstrou que a infusão parenteral de emulsão lipídica de óleo de peixe (EL OP) antes da indução de pancreatite aguda parece influenciar favoravelmente a produção de citocinas em ratos.
Trata-se de um estudo experimental, no qual após cateterização do sistema venoso central, ratos isogênicos receberam infusão parenteral de EL OP ou solução salina (SS) durante 48 horas, quando então foram submetidos à pancreatite aguda. Após indução de pancreatite, nos períodos de 2, 12 e 24 horas, os animais foram sacrificados para coleta de amostras de sangue e de tecidos para dosagem de marcadores inflamatórios e histopatológicos. Paralelamente, 20 animais de cada grupo foram observados até sete dias após indução de pancreatite aguda, para avaliação de sobrevida.
O tratamento com EL OP foi associado com a diminuição de citocinas pró-inflamatórias interleucina (IL) 1-beta (p = 0,0006), IL-4 (p = 0,0019), IL-6 (p = 0,05) e tendência no aumento da citocina anti-inflamatória IL-10 (p= 0,06) após 24 horas de pancreatite.
A infusão prévia de EL OP também foi associada com aumento da expressão pulmonar e hepática de proteínas de choque térmico (HSP) 90, 2 e 12 horas após pancreatite, respectivamente. As HSPs têm sua expressão aumentada quando as células são expostas a temperaturas elevadas ou a outras formas de estresse
Após infusão de EL OP não foram encontrados efeitos na taxa de sobrevida, em relação aos demais grupos (p > 0,05).
“Nossos resultados sugerem que a infusão parenteral de EL OP 48 horas antes da indução de pancreatite aguda experimental parece influenciar favoravelmente a produção de citocinas inflamatórias e HSP90 hepática e pulmonar, sem impactar sobre a histopatologia da lesão pancreática e a taxa de sobrevida”, argumentam os autores. “O uso de EL OP para prevenir e tratar pancreatite aguda precisa ser mais explorado”, concluem.