Estudo publicado no The British Journal of Nutrition descobriu que o consumo de carne vermelha e processada no Brasil é alto e que a emissão de gases de efeito estufa a partir da ingestão de carne é semelhante a cada cidadão brasileiro viajar mais de 5 mil km de carro.
Os dados foram obtidos a partir de um estudo transversal de base populacional, intitulado National Dietary Survey, que correspondeu a um módulo da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados de ingestão alimentar foram obtidos através de dois registros alimentares concluídos em 2 dias não consecutivos. Para avaliar o impacto ambiental causado pela ingestão de carne bovina, as emissões de gases de efeito estufa foram estimadas, sabendo que a produção de 1 kg de carne bovina brasileira gera 44 kg de CO2 – mesma quantidade de CO2 produzida por um carro numa viagem de 235 km.
A amostra foi composta por um total de 34.003 pessoas. O consumo médio total de carne foi de 127 g/dia, a ingestão média de carne vermelha e processada foi de 88 g/dia, o que representa 70% do consumo total de carne, e ingestão de aves foi de 39 g/dia. A ingestão de carne processada representou 12% do consumo total de carne.
As pessoas que vivem na região sudeste do Brasil foram os maiores consumidores de carne processada (17 g/dia) e as pessoas que vivem no centro-oeste foram os maiores consumidores de carnes vermelhas (88 g/dia). Mais de 80% da população brasileira consumiu mais carne vermelha do que a recomendação pela World Cancer Research Fund (300 g/semana).
Em 2008, o consumo de carne para cada cidadão brasileiro contribuiu com cerca de 1 kg de equivalentes de CO2, a mesma quantidade de CO2 produzido se um carro viajar uma distância entre o extremo norte e sul do Brasil (5370 km).
Toda a população brasileira em 2008 contribuiu com 191.777.487 de toneladas de equivalentes de CO2. Os autores afirmam que se a população tivesse consumido 43 g de carne de bovina/dia, as emissões de CO2 poderiam ter sido reduzidas para 131.732.140 de toneladas de equivalentes de CO2 (31% menos), especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste.
“A magnitude da ingestão excessiva desses tipos de carne no Brasil pode ter impacto na saúde e no meio ambiente, indicando a urgência na promoção de alimentação sustentável”, concluem os autores.