Van Puffelen e colaboradores investigaram se a administração precoce de aminoácidos poderia estar associada à prejuízos para neonatos. Para esta análise, foram incluídos recém-nascidos (RN) com até 28 dias de vida que participaram do estudo PEPaNIC. Estes RNs foram divididos em um grupo que iniciou a nutrição parenteral (NP) após 1 semana de internação na UTI neo natal e outro grupo que iniciou a NP dentro de 24h da internação, quando a nutrição enteral era insuficiente em ambos os casos. Foram incluídos nas análises RNs que ficaram, no mínimo, uma semana internados na UTI e foram acompanhados por quatro semanas. Foram analisadas a incidência de infecções, o tempo de internação na UTI, dias em ventilação mecânica, uréia plasmática e tempo de internação hospitalar.
209 RNs atermos foram incluídos, sendo que 145 tinham até uma semana de vida e 45 foram internados na UTI no primeiro dia de vida. Os autores encontraram que a NP tardia reduziu o risco de infecções e o tempo de internação na UTI neo natal. A necessidade de ventilação mecânica foi menor no grupo NP tardia que no grupo precoce, bem como a ureia plasmática e custos diretos. A mortalidade foi semelhante entre os grupos. O risco de episódios de hipoglicemia foi significativamente maior no grupo NP tardia em relação ao grupo precoce. Os RNs que receberam doses mais altas de aminoácidos permaneceram mais tempo na UTI, com aumento do tempo de alta de 2 para 5 dias, e mais dias em ventilação mecânica. Doses mais altas de lipídeos foram associadas à maior probabilidade de alta precoce e de menos dias de ventilação. Não houve associação entre as variáveis estudadas e a quantidade de glicose ofertada.
Os autores concluíram que, sob perspectivas clínicas e econômicas, esperar uma semana para iniciar nutrição parenteral em neonatos é mais benéfico que inicia-la precocemente. No entanto, o início tardio da NP aumenta o risco de hipoglicemia, o que evidencia a importância do monitoramento frequentemente da glicemia.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal