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Isquemia mesentérica aguda: como os profissionais do mundo tratam essa condição?

Isquemia mesentérica aguda

A isquemia mesentérica aguda (IMA) é uma condição médica rara, causada pelo fluxo sanguíneo inadequado através dos vasos mesentéricos, levando à necrose da parede intestinal.

Apenas 0.1%  das admissões hospitalares são devido à IMA. Por sua baixa prevalência, não há um consenso definitivo quanto ao diagnóstico e ao tratamento desta doença. Infelizmente, o atraso na detecção e manejo da isquemia está associado ao aumento da  morbimortalidade.

Tratamento Isquemia mesentérica aguda

Para preencher esta lacuna, uma nova pesquisa foi conduzida com profissionais de saúde ao redor do mundo. O objetivo foi entender como a isquemia mesentérica aguda vem sendo diagnosticada e tratada em diferentes contextos hospitalares.

Metodologia: 287 hospitais participaram do estudo

A fim de investigar as variações na abordagem da isquemia mesentérica aguda, os pesquisadores contaram com o apoio de diversas sociedades internacionais, incluindo a ESPEN (Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo).

As instituições distribuíram formulários aos seus membros ativos, e divulgaram a pesquisa em seus boletins para outros profissionais preencherem.

Os formulários foram preenchidos primeiramente de forma individual, e em seguida de modo coletivo, por equipes multidisciplinares. No total, a pesquisa por equipes foi enviada para 287 hospitais em 61 países.

Os questionários incluíam questões sobre:

  • O local do hospital;
  • A especialidade médica do respondente ou dos membros da equipe;
  • Diagnóstico e manejo da isquemia mesentérica aguda, com base em dois casos hipotéticos.

Como detectar isquemia mesentérica?

Em relação ao diagnóstico da isquemia mesentérica aguda, o teste mais citado foi a tomografia computadorizada abdominal com contraste intravenoso, e isso está de acordo com a literatura e as diretrizes atuais.

Este método também prevaleceu para o diagnóstico de infarto intestinal (necrose transmural irreversível) e para isquemia mesentérica não oclusiva (diminuição do fluxo sanguíneo mesentérico sem estenose de alto grau ou oclusão de vasos mesentéricos).

Além da TC, outros critérios diagnósticos considerados importantes foram:

  • História de dor abdominal pós-prandial
  • Perda de peso não intencional
  • Presença de fatores de risco cardiovascular
  • Lactato plasmático elevado (para infarto);
  • Laparoscopia/laparotomia (para infarto).

Por fim, a maioria dos entrevistados afirmou que o diagnóstico da IAM é atrasado. Além disso, cerca de ⅓ acredita que o diagnóstico é muitas vezes falho.

Qual tratamento para isquemia mesentérica?

De acordo com as respostas individuais e de equipes, os locais de tratamento preferenciais eram as enfermarias cirúrgicas ou as UTIs.

O tratamento preferencial para isquemia mesentérica aguda sem sinais de infarto consistiu na revascularização endovascular ou cirúrgica. Já em casos de infarto, a maior parte dos entrevistados realizariam a ressecção intestinal maior quando houvesse sinais de necrose extensa.

Outras formas de tratamento tiveram grandes variações, e incluíram:

  • Uso de antibióticos: os principais motivos foram o diagnóstico de isquemia mesentérica e de infarto mesentérico.
  • Anticoagulação terapêutica: mais utilizada para trombose venosa, e em menor frequência para trombose arterial e embolia arterial. Recomendada de 3 a 6 meses.
  • Inibidores de agregação plaquetária: considerados com mais frequência na trombose arterial do que na embolia arterial. Geralmente recomendados ao longo da vida.

Terapia nutricional na isquemia mesentérica aguda

A maioria das instituições possui uma equipe multidisciplinar de suporte nutricional composta por cirurgiões, médicos, enfermeiros e nutricionistas.

Após ressecção intestinal extensa, há um consenso geral sobre a importância da terapia nutricional parenteral. Alcançar a estabilidade hemodinâmica foi um critério importante para iniciar a terapia. Entretanto, o início da nutrição oral ou enteral foi guiado principalmente por evidência de TGI funcionante.

Conclusão

Apesar de alguns consensos entre os profissionais, o diagnóstico e o tratamento da isquemia mesentérica aguda foram muito variáveis.

Embora a isquemia mesentérica aguda seja rara, suas complicações interferem na qualidade de vida e na sobrevivência dos pacientes. Logo, o estabelecimento de algoritmos clínicos seria um primeiro passo para melhorar a prática clínica atual.

Clique aqui para ler o artigo completo.

Referência:

HESS, Benjamin et al. Management of acute mesenteric ischaemia: Results of a worldwide survey. Clinical Nutrition ESPEN, 2023.

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