Com o objetivo de avaliar a eficácia do Jejum intermitente (JI), Haaris e colaboradores realizaram uma revisão sistemática da literatura comparando essa abordagem ao tratamento usual para perda de peso, ou ao não tratamento.
Os pacientes incluídos eram adultos não hospitalizados, com idade ≥18 anos, e IMC ≥25 Kg/m2. Foram avaliados estudos que compararam o JI (Restrição de 800 Kcal ou menos durante pelo menos 1 dia da semana, mas não mais que 6 dias da semana – mínimo de 12 semanas), pacientes que não receberam orientação nutricional (SO), e tratamento usual (TU) (restrição diária de 25% das calorias calculadas como necessidade energética).
Apenas 6 estudos continham os dados adequados e foram incluídos na revisão, sendo 4 americanos e 2 europeus. Quatro estudos compararam JI e TU, e dois compararam JI e SO. A média de duração dos trabalhos foi de 5,6 meses. 400 participantes foram avaliados, sendo em sua maioria mulheres saudáveis. Os protocolos de JI variaram de 2 a 4 dias/semana de restrição calórica, com ingestão nos dias de restrição acontecendo entre 12h00 e 14h00. A distribuição entre os macronutrientes, na maioria dos estudos, foi baseada em uma dieta saudável com 55% de carboidrato, 25 a 30% de lipídeos, e 15 a 20% de proteína. Apenas dois trabalhos estipularam consumo exclusivo de fontes proteicas para os dias de jejum.
Observou-se que o JI foi associado à maior perda de peso quando comparado ao grupo SO (p ≤ 0.001), mas essa diferença não foi significativa quando o JI foi comparado ao grupo TU (p = 0.156). Poucos estudos avaliaram outras medidas antropométricas, mas o JI parece estar associado à maior redução de circunferência da cintura e de massa gorda quando comparado ao TU, e à redução significativa de massa gorda quando comparado ao grupo SO. Apenas um trabalho observou melhora da qualidade de vida no grupo TU quando comparado ao grupo JI.
Os autores concluem que tanto o JI quanto o TU são estratégias efetivas para a perda de peso em pacientes com sobrepeso e obesidade, mas que o pequeno número de estudos e de curto prazo limitam uma avaliação mais criteriosa. Trazem que não existem evidências suficientes para recomendação rotineira do JI e destacam que estudos adicionais são necessários.