Um estudo publicado no JAMA Pediatrics sugere que as bactérias transferidas das mães para os filhos podem ser, pelo menos parcialmente, responsáveis pelos benefícios na saúde do bebê trazidos pelo aleitamento materno.
Pesquisadores testaram 107 pares de mães e lactentes para os microrganismos nos seios das mulheres e no leite, e também examinaram as fezes dos bebês para determinar que tipos de microrganismos existiam no microbioma do intestino infantil.
Embora tenham encontrado tipos distintos de bactérias no leite, no tecido mamário e nas fezes infantis, eles também descobriram que as comunidades microbianas intestinais dos bebês combinavam muito mais com as bactérias no leite e na pele de suas mães do que com amostras de outras mulheres no estudo. Isso sugere que o leite de cada mãe foi um dos maiores contribuintes para o microbioma do intestino de seu próprio bebê.
Com base em exames laboratoriais de bactérias encontradas no leite, na pele e nas fezes no presente estudo, os pesquisadores estimaram que os bebês que receberam pelo menos 75% de sua nutrição do leite materno durante o primeiro mês de vida receberam cerca de 28% de suas bactérias intestinais do leite materno. Esses bebês também receberam cerca de 10% de suas bactérias intestinais da pele das mães e 62% de fontes que os pesquisadores não determinaram.
Quanto maior o tempo de aleitamento, mais a comunidade bacteriana intestinal dos lactentes mudava para se assemelhar à encontrada no leite materno.
E em lactentes que receberam a maior parte da nutrição por meio do aleitamento materno exclusivo, as comunidades microbianas foram ligeiramente mais diversificadas, em geral, e diferentes microrganismos predominaram em comparação com bebês que foram menos amamentados.
Uma limitação do estudo é que os pesquisadores não avaliaram as origens das bactérias do leite materno ou de outras comunidades bacterianas da mãe que poderiam ter contribuído para o microbioma do intestino infantil, observam os autores. Também não avaliaram os efeitos sobre a saúde dos lactentes com base nas diferenças nos microbiomas deles.
“Nós fomos capazes de mostrar que existem bactérias no leite e que essas bactérias podem ser encontradas também em fezes infantis”, concluem os autores. “Isso fornece evidência para a hipótese de que os microrganismos do leite são um mecanismo pelo qual o aleitamento fornece benefícios”, afirmam.