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FRONTEIRAS: A INVERVENÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES COM FORTE RISCO DE DESENVOVIMENTO DE DEMÊNCIA

LEMOS, J. P.; DAMÁSIO, A.; HENRIQUES, G.G. AZEVEDO, I. S.; MORELATO, R.L.; CABRAL, H.W.S.

Trabalho desenvolvido na Santa Casa de Misericórdia de Vitória (SCMV); Laboratório de Neurofisiologia e Avaliação Neurocomportamental da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (LAN – UERJ) e no Centro Universitário Vila Velha (UVV).

O envelhecimento crescente da população mundial e a necessidade de melhor compreensão de suas peculiaridades tornaram vários centros de pesquisas voltados para o seu estudo. O envelhecimento patológico (senilidade) dá-se quando esses mesmos danos ocorrem em uma intensidade muito maior, levando a deficiências funcionais marcantes e em alguns casos, a alterações de funções nobres, como a memória. Recentemente, Petersen et al. (1999) fez referência a uma nova caracterização de declínio cognitivo, chamado transtorno cognitivo leve (TCL). Estes déficits caracterizam-se predominantemente por queixas de memória, confirmadas por um cuidador e por testagens neuropsicológicas, que não interferem nas atividades de vida diária e sem outras causas clínicas que justifiquem as queixas. A literatura internacional tem mostrado um padrão geral de progressão clínica com maior risco de desenvolvimento de demência nos portadores de TCL e estudos epidemiológicos identificaram uma redução significativa da prevalência da doença de Alzheimer em pacientes com alterações no perfil lipídico. Faz-se necessário à elaboração de estudos que identifiquem o perfil lipídico e glicídico desses portadores de TCL, para que, posteriormente possam ser elaboradas estratégias nutricionais adequadas, sobretudo, com redução da progressão clinica dos portadores de TCL para demência. Foram avaliados, por dois médicos, 104 pacientes idosos com idade superior a 65 anos que freqüentaram o ambulatório de geriatria. Realizou-se um estudo descritivo, com análises retrospectivas de prontuários, do perfil lipídico e glicídico de pacientes portadores de TCL e controles normais. A amostra consistiu na seleção 15 pacientes portadores de TCL e 15 pacientes controles-normais, da qual foram colhidos informações do sexo, idade, peso, escolaridade e medidas clínicas (colesterol total, HDL-C, LDL-C, glicose em jejum e triglicerídeo). Na análise estatística foi utilizada a análise descritiva de variáveis sócio-demográficas, a comparação dos parâmetros qualitativos (sexo, idade, escolaridade e peso) pelo Teste do Qui-quadrado, a comparação das médias dos exames pelo teste t (t), a identificação do risco pelo ods ratio (OR) e a regressão Logística (RL), aplicada para verificar, entre os exames, qual melhor identificava os sujeitos entre os grupos.

Os grupos não apresentaram diferença estatística quanto ao sexo, idade, peso e escolaridade. Em todas as medidas clínicas, comparadas pelo teste t, os pacientes portadores de TCL mostraram-se mais comprometidos, com significância estatística para a glicemia (p<0,01), colesterol total (p<0,05) e muito próximo para o LDL. As análises de OR também identificaram que o grupo TCL tem mais chance de elevação dessas medidas, mas com significância para glicose (p<0,05). A análise multivariável (Regressão Logística) revelou que a medida clínica que melhor relaciona-se com o TCL é a glicose (p<0,01), confirmando os achados anteriores e levantando a hipótese dessa alteração indicar pior prognóstico nos portadores de TCL. Os pacientes com risco de demência (TCL) apresentaram todas as médias das medidas clínicas mais comprometidas que a dos controles normais e a alteração da glicose pode indicar pior prognóstico nos portadores de TCL. Portanto, esse estudo apóia a hipótese da necessidade de intervenção nutricional neste grupo de pacientes. Estudos posteriores com amostras maiores e acompanhamento longitudinal são necessários para identificar a validade dos achados.

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