A revista científica Critical Care publicou uma metanálise concluindo que a suplementação com doses elevadas de vitaminas e minerais antioxidantes pode melhorar os resultados clínicos de pacientes críticos, particularmente aqueles com alto risco de morte.
O objetivo do estudo foi investigar estudos clínicos randomizados existentes sobre a suplementação de micronutrientes antioxidantes em desfechos clínicos de pacientes criticamente doentes. Os critérios de inclusão para esta metanálise foram: pacientes adultos criticamente doentes (>18 anos de idade); utilização de suplementos de vitaminas e/ou minerais versus placebo (via enteral, parenteral, ou ambos); e os desfechos clínicos deveriam incluir a mortalidade, tempo de internação hospitalar e na unidade de terapia intensiva (UTI), tempo de ventilação mecânica e complicações infecciosas.
Os pesquisadores encontraram 21 estudos clínicos que preencheram os critérios de inclusão e observaram que houve uma redução significativa na mortalidade dos doentes que receberam a suplementação com os micronutrientes quando comparados com os doentes que receberam placebo (razão de risco [RR]=0,82, intervalo de confiança de 95% [IC] 0,72-0,93, p=0,002). Houve também redução significativa no tempo de ventilação mecânica (média da diferença em dias=-0,67, p=0,02) no grupo suplementado e apenas uma tendência para a redução de complicações infecciosas (RR=0,88, p=0,08). Não houve efeito no tempo de internação hospitalar e na UTI.
Os autores encontraram que a suplementação de micronutrientes antioxidantes foi associada com redução significativa na mortalidade total entre os pacientes com maior risco de morte (RR=0,79, IC 95% 0,68, 0,92, p=0,003). Após analisar somente os estudos que continham selênio, os autores dessa metanálise observaram que houve menor mortalidade quando a suplementação foi de 500 mcg/dia (RR=0,80, p=0,07), enquanto que estudos usando doses menores que 500 mcg não apresentaram efeitos sobre a mortalidade.
Os efeitos benéficos observados da suplementação de micronutrientes antioxidantes ocorreram quando foram administrados tanto por via oral, enteral e parenteral.
“Trabalhamos com a hipótese de que a suplementação exógena de vitaminas e minerais pode restaurar o estado antioxidante e contribuir para a melhora de resultados clínicos de pacientes críticos. Isso porque a doença crítica é caracterizada por estresse oxidativo, que é um grande promotor de inflamação sistêmica e falência de órgãos, devido à excessiva produção de radicais livres e depleção de defesas antioxidantes”, comentam os autores.
“Assim, demonstramos com essa metanálise que os micronutrientes antioxidantes podem ser capazes de diminuir significativamente a mortalidade e tempo de ventilação mecânica, além de uma tendência para a redução de complicações infecciosas em pacientes gravemente doentes. No entanto, mais pesquisas serão necessárias para determinar as doses e tempo de administração que aperfeiçoem o efeito terapêutico desses antioxidantes”, concluem.