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O que é desospitalização bem sucedida e qual a sua relação com a nutrição?

O processo de desospitalização significa ser liberado ou dispensar-se de internação hospitalar, passando a receber assistência multidisciplinar ambulatorial ou domiciliar. O objetivo é minimizar efeitos indesejáveis para o paciente, como a vulnerabilidade a infecções hospitalares, exposição à propedêutica desnecessária e declínio do status funcional e cognitivo, bem como reduzir os gastos, já que para os serviços de saúde ocorre contenção de custos com a redução de leitos de longa permanência.

Por mais que pareça um processo natural, na prática, questões sócio-psico-econômicas do próprio paciente e de seus familiares podem resultar em uma retenção hospitalar não justificada por critérios clínicos. Assim, a desospitalização é um processo amplo que deve ser construído desde o início da internação e deve envolver diferentes intervenções.  Neste contexto, implementar e monitorar a terapia nutricional, inclusive a nutrição enteral, é fundamental para o sucesso do tratamento, uma vez que indivíduos desnutridos apresentam maior tempo de internação, mais complicações e maior mortalidade quando comparados a indivíduos eutróficos em ambiente hospitalar.

O primeiro passo para traçar um plano de cuidados nutricionais é identificar e classificar a desnutrição hospitalar e, a partir dessa classificação, construir o plano de cuidados nutricionais. Assim, a terapia nutricional enteral (TNE) deve ser iniciada em pacientes em situações de risco nutricional ou existência de desnutrição.

Os protocolos de alta hospitalar nutricional devem ser programados desde o início da internação para que o paciente e sua família e/ou cuidador estejam preparados para o momento do pós-alta, minimizando as chances de reinternação precoce. Especial atenção deve ser dada aos pacientes em uso de TNE, pois serão exigidos novos cuidados que até então não faziam parte do ambiente doméstico, como uso de sonda e equipo. É necessário demonstrar a utilização e cuidados em relação ao equipamento e manuseio da dieta. Garantir um plano de cuidados nutricionais incorporado ao planejamento de alta hospitalar é imprescindível, pois o estado nutricional no momento da alta hospitalar influencia diretamente as complicações pós-alta.

Ginzburg Y et. Al (2018) observaram que 65% dos pacientes não aderiram às recomendações nutricionais no primeiro mês pós-alta hospitalar. Esse número aumenta para 74,4% no terceiro mês, sendo que apenas 14% tiveram adesão completa à terapia nutricional enteral três meses após a alta. Para ter maior adesão às orientações nutricionais, o plano de alta hospitalar nutricional planejada deve ser monitorado, supervisionado, e adaptado às necessidades dos pacientes (por exemplo, adaptação de orientações para famílias com baixa escolaridade que não sabem ler ou compreender textos). Deve-se ressaltar a importância em seguir os horários e volume de nutrição enteral prescritos a fim de manter ou recuperar o estado nutricional.

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