Para a pesquisa, que foi publicada no Journal of the Endocrine Society, Abbasie colaboradores avaliaram prontuários médicos do banco de dados UK Clinical Practice Research Datalink (CPRD),que engloba 375 clínicas de atenção primária na Inglaterra.
Especificamente, eles coletaram dados demográficos deindivíduos com idades entre 2 e 15 anos que tiveram o índice de massa corporal(IMC) medido entre 1994 e 2013, juntamente com qualquer diagnóstico de diabetesmais de 12 meses após o início do registro de um indivíduo no CPRD.
Considerou-se que as crianças eram portadoras de diabetestipo 1 se tinham prescrição de insulina, mas não de uma medicação oralhipoglicemiante. O diabetes tipo 2 foi definido como um diagnóstico da doença,apenas uma prescrição de medicação oral hipoglicemiante ou um diagnóstico dediabetes mellitus ou HbA1c ≥ 6,5% sem prescrição de insulina.
A população consistiu de 369.362 indivíduos com um IMCdisponível. A média de idade foi de 8,8 anos, e 49,5% eram do sexo feminino. Emgeral, 12,3% dos indivíduos tinham sobrepeso, enquanto 16,7% foramclassificados como obesos.
Houve 654 casos novos de diabetes tipo 2 e 1.318 casos dediabetes tipo 1 durante o período de estudo.
A incidência de diabetes tipo 2 aumentou de 6,4 por100.000 pessoas em 1994-1998 para 33,2 por 100.000 pessoas em 2009-2013. Para odiabetes tipo 1, entre os mesmos dois períodos, a incidência aumentou de 38,2para 562,1 por 100.000 pessoas.
A incidência de diabetes tipo 2 aumentousignificativamente entre crianças com excesso de peso, de 0 por 100.000 pessoasem 1994-1998 para 22,8 por 100.000 pessoas em 2009-2013 (p = 0,01) e entreaqueles com obesidade, de 5,7 para 103,3 por 100.000 pessoas (p < 0,01).
Indivíduos obesos, que constituíram 47,1% dos casos dediabetes tipo 2, tiveram um risco significativamente aumentado de incidência dediabetes tipo 2 em comparação com indivíduos de IMC normal, a uma odds ratio (OR) de 3,7 e com uma taxa deincidência de 4,33.
Ao avaliar o IMC como uma variável contínua, a equipetambém observou que cada aumento de um desvio-padrão no escore Z do IMC foiassociado a uma OR de novo caso de diabetes tipo 2 de 1,6.
Neste estudo, não houve associações significativas entreobesidade ou IMC e o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 1.
Os autores concluíram que, embora o número de casos dediabetes tipo 2 permaneça relativamente baixo em comparação com o diabetes tipo1 em crianças, a incidência do tipo 2 aumentou acentuadamente nos últimos anos,para uma taxa de mais de 33 por 100.000 crianças em 2013, estando fortementeassociada à obesidade.
“Em conjunto, atualizamos evidências observacionaisde que a taxa de incidência de diabetes tipo 2, embora menos comum que o tipo1, está aumentando entre as crianças e jovens do Reino Unido em paralelo com oaumento da obesidade infantil nas últimas décadas”, afirmam.