Linfócitos CD4 têm importante papel na integridade do sistema imunológico humano. Eles são o principal alvo do vírus da imunodeficiência humana (HIV). A depleção contínua e progressiva dessas células pode resultar em enfraquecimento da habilidade imunológica do paciente, ou seja, na sua capacidade de lutar contra um agente patógeno. Isso aumenta a susceptibilidade do paciente a infecções e pode causar a síndrome da imunodeficiência humana (SIDA).
A contagem de células CD4 tem sido aceita como bom marcador de imunodeficiência e sua depleção associada a deficiência grave na imunidade celular. De maneira distinta, o CD4 elevado significa que o paciente apresenta um quadro de imunocompetência.
Salminen e colaboradores realizaram estudo controlado para avaliar a segurança e eficácia dos Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) na melhora dos sintomas gastrintestinais adversos em terapia antirretroviral de pacientes HIV positivos. Dezessete pacientes com diarreia por mais de um mês foram separados, aleatoriamente, para receber probiótico ou placebo por 2 semanas. Nenhum efeito colateral foi observado no grupo que consumiu probióticos e nenhuma diferença estatística nos sintomas gastrintestinais ou na diarreia foram relatados em relação ao grupo probióticos e o controle.
Em 24 mulheres HIV positivas com sinais de diarreia moderada, contagem de células CD4 acima de 200 e sem receber terapia retroviral, realizou-se estudo com probióticos. Elas receberam 100 ml de iogurte com ou sem Lactobacillus rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14 por 15 dias. Aplicaram-se perfis hematológicos, contagem de células CD4 e questionários de qualidade de vida antes da suplementação e após 15 e 30 dias do seu consumo. Não houve diferenças significantes nos parâmetros hematológicos entre os dois grupos e nem entre o mesmo grupo antes e depois da suplementação. A contagem de células CD4 se manteve semelhante ou aumentou sua taxa em 11 pacientes que consumiram probióticos após 15 e 30 dias de suplementação. Diarreia, flatulência e náuseas melhoraram nas 12 mulheres que consumiram probióticos após o segundo dia de suplementação, quando comparado com a melhora de apenas 2 pacientes que receberam iogurte sem adição de probióticos.
Com base na literatura cientifica disponível, podemos dizer que a indicação de probióticos nessa população é segura porém ainda são necessários mais estudos comprovando a eficácia em sintomas gastrointestinais ou melhora do perfil imunológico.