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Pacientes são submetidos a longos períodos de jejum pré-operatório em hospitais brasileiros

Pesquisadores brasileiros publicaram um estudo na revista Therapeutics and clinical risk management demonstrando que a maioria dos hospitais brasileiros seguem práticas tradicionais de jejum pré-operatório e os pacientes são submetidos a longos períodos de jejum.

Trata-se de um estudo multicêntrico realizado em 16 hospitais (públicos e privados) de diferentes regiões do Brasil que avaliou 3.715 pacientes internados. Os pacientes incluídos tinham idade entre 18 a 90 anos, que se submeteram à cirurgia eletiva entre agosto de 2011 e setembro de 2012. Foram coletados os dados sobre tempo prescrito de jejum pré-operatório e o tempo real que o paciente ficou em jejum. O tempo real de jejum pré-operatório foi definido como o tempo em horas da última refeição recebida pelo paciente até o momento do procedimento anestésico registrado no prontuário.

Os hospitais foram divididos de acordo com as suas políticas para o protocolo de jejum pré-operatório: protocolo tradicional de jejum (6-8 horas de jejum para sólidos e líquidos claros) e protocolo moderno de jejum (6-8 horas de jejum para sólidos e até 2 horas para líquidos claros ou bebidas contendo carboidrato).

Os pesquisadores observaram que a mediana do tempo de jejum pré-operatório foi de 12 horas (variando de 2 a 216 horas). O tempo de jejum foi maior nos hospitais usando um protocolo tradicional de jejum, com a mediana de 13 horas (variando de 6 a 216 horas [p<0,001]). A mediana do tempo de jejum nos hospitais utilizando protocolo moderno foi de 8 horas (variando de 2 a 48 horas). Quase 80% (n=2962) dos pacientes foram operados depois de 8 horas ou mais de jejum e 46,2% (n=1718) com tempo superior a 12 horas.

“O jejum pré-operatório prolongado é bastante desconfortável e prejudicial para os pacientes. Isso porque aumenta a sensação de sede e fome, bem como náuseas, além de afetar negativamente a resposta orgânica ao trauma”, comentam os autores.

“Com base nos nossos resultados, podemos concluir que o tempo real de jejum pré-operatório é significativamente maior do que o tempo de jejum prescrito em hospitais brasileiros. A maioria dos hospitais ainda está adotando protocolos tradicionais de jejum pré-operatório para seus pacientes”, concluem.

 

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