Atualmente, passamos por uma transição demográfica, nutricional e epidemiológica responsável por grandes mudanças no perfil da nossa população. Segundo dados do IBGE, a população com mais de 60 anos no Brasil passou de 4,2% em 1950 para 14,7% em 2017, com a perspectiva que chegue a mais de 41,5 milhões de pessoas idosas em 2030. O aumento do número de idosos vem acompanhado de uma expectativa de vida também maior, atingindo 75,67 anos em 2018. O acesso a melhores condições de saneamento básico e a tratamentos médicos, fez com que, ao longo dos anos, observássemos uma redução no número de mortes por causas infecciosas e aumentasse o número de mortes por doenças crônicas. Esse aumento de doenças crônicas reflete, por sua vez, uma transição nutricional importante, em que observa-se uma mudança de estilo de vida da população, com aumento no consumo de alimentos processados e ultraprocessados, diminuição no consumo de alimentos in natura e também a redução da atividade física. Assim, podemos compreender que nos próximos anos, vamos acompanhar o crescimento acelerado da população idosa, porém uma população com maus hábitos de vida e, frequentemente, acometida por doenças crônicas, tais como hipertensão, diabetes, obesidade, câncer entre outras.
Apenas sob essa ótica já teríamos bons motivos para estudar e entender melhor como cuidar dessa população, porém, ainda devemos considerar todas as alterações fisiológicas que acompanham o envelhecimento. Há redução da capacidade física, perdas cognitivas e neurológicas, alterações nos sistemas cardiovascular, respiratório e genitourinário, mas sob o ponto de vista nutricional, podemos destacar as alterações gastrointestinais e de composição.
Perda da dentição, redução na síntese de enzimas digestivas, perda de apetite, redução da força para mastigar e alteração da microbiota intestinal são alguns exemplos de alterações gastrointestinais que merecem atenção durante a prescrição dietética para idosos. É necessário atenção quanto a consistência da dieta, digestibilidade dos alimentos, sobretudo das proteínas e também biodisponibilidade de nutrientes, já muitos micronutrientes podem ser consumidos em quantidades insuficientes.
Em relação às alterações de composição corporal de idosos, já discutimos várias vezes aqui no Nutritotal PRO a perda de massa muscular com a idade e seu impacto no aumento dos desfechos negativos, como tempo de internação, queda e comprometimento do sistema imunológico. A sarcopenia, perda de massa muscular e desempenho físico em idosos, é frequente e deve receber atenção dentro do planejamento de cuidado do idoso.
Portanto, todos os profissionais de saúde devem estar atentos às atuais recomendações de cuidado dessa população e, em especial, nutricionistas devem atentar-se à oferta adequada de alimentos e hidratação, a fim de minimizar os efeitos das alterações fisiológicas e prevenir agravamentos da saúde dos idosos.