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Quais são as estratégias nutricionais em crianças com paralisia cerebral?

A paralisia cerebral descreve um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento do movimento e postura atribuído a um distúrbio não progressivo que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou infantil. O desenvolvimento da paralisia cerebral pode ocorrer devido a fatores hereditários, eventos ocorridos durante a gravidez, parto, período neonatal ou durante os primeiros dois anos de vida, causando limitações nas atividades motoras, frequentemente acompanhadas de distúrbios de sensação, cognição, comunicação, percepção e comportamento.

Estudos estimam que 19% a 99% das pessoas com paralisia cerebral apresentam dificuldades para se alimentar, principalmente pelas desordens relacionadas com dificuldade de mastigação e deglutição (disfagia). Os transtornos de deglutição nesses pacientes podem causar desnutrição, desidratação ou aspiração traqueal. Outros fatores que interferem na alimentação comumente encontrada em pacientes com paralisia cerebral são: comprometimento da fase motora oral, engasgo, tosse, náusea, dificuldade de transporte do bolo alimentar e refluxo gastroesofágico.

Neste sentido, as estratégias nutricionais para crianças com paralisia cerebral buscam minimizar os fatores que prejudicam a alimentação, a fim de garantir o crescimento e desenvolvimento pôndero-estatural e cognitivo adequados.

De acordo com a diretriz de atenção à pessoa com paralisia cerebral, publicada pelo Ministério da Saúde, a dieta por via oral deve ser mantida nas crianças com funções motoras orais diagnosticadas como adequadas e que não apresentam risco de aspiração para as vias aéreas. Para melhorar a eficiência da alimentação por via oral deve-se buscar a correção da postura da cabeça e consistência adequada dos alimentos.

A nutrição enteral pode ser necessária paras as crianças desnutridas, sendo que a via de administração irá depender do tempo necessário para restabelecer o estado nutricional. As sondas orogástricas ou nasogástricas podem ser usadas por curtos períodos de tempo, em geral, no máximo seis semanas. O uso prolongado pode levar ao desenvolvimento de otites (inflamação no ouvido), sinusites, ulcerações esofágicas, perfuração intestinal ou gástrica. Por essas razões, quando há necessidade de alimentação enteral por período acima de seis semanas está recomendado o uso de gastrostomia. Este procedimento, quando bem indicado, resulta em melhor ganho de peso, melhora das condições de saúde neurológica e respiratória.

Segundo essa mesma diretriz, a escolha da fórmula para uso enteral irá depender da idade da criança, da condição clínica, das necessidades energéticas e da via de acesso enteral, além do custo do uso de dietas específicas industrializadas. Podem ser utilizadas fórmulas-padrão adequadas para a idade e os estudos sugerem que as fórmulas baseadas em proteínas do soro do leite são mais bem toleradas, pois apresentam esvaziamento gástrico mais acelerado, diminuindo vômitos e refluxo, do que as fórmulas que contenham caseína como fonte proteica.

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