A semelhança estrutural dos fitoesteróis com o colesterol animal representa a principal aplicação clínica desses compostos na redução da hipercolesterolemia, por reduzir a absorção intestinal do colesterol e por meio de mecanismos moleculares que diminuem enzimas responsáveis pela síntese de colesterol. Os fitoesteróis são moléculas de origem vegetal que regulam a fluidez e a permeabilidade da membrana celular dos vegetais.
Durante muitos anos os estudos clínicos demonstraram efeitos benéficos dos fitoesteróis na redução do colesterol total e de LDL-c (lipoproteína de baixa densidade) em indivíduos normais e hipercolesterolêmicos. A eficiência dos fitoesteróis na redução da colesterolemia foi observada com o consumo alimentar de 0,8 a 4 g/dia, quantidade capaz de reduzir o nível colesterol total plasmático entre 10 e 15%. Uma metanálise que reuniu aproximadamente 40 estudos observou que a dose de 2 g/dia de fitoesteróis resultou na redução de 10% do LDC-c e que quantidades maiores não potencializam esta ação.
Atualmente, os estudos têm dado atenção às propriedades imunomoduladoras, anti-inflamatórias e anticancerígenas dos fitoesteróis. Diversos estudos sugerem um papel protetor de fitoesteróis, especialmente o beta-sitosterol, em câncer de cólon, próstata e mama. Outra aplicação clínica dos fitoesteróis é em homens com hiperplasia prostática benigna, em que a suplementação de apenas 60 mg/dia de beta-sitosterol melhora significativamente os sintomas clínicos, como infecções, dor e dificuldade ao urinar. Estudos demonstram que em uma dieta habitual os indivíduos consomem cerca de 200 a 400 mg/dia de fitoesteróis, no entanto, seus efeitos benéficos são observados com o consumo entre 0,8 a 2 g/dia.
O mecanismo pelo qual os fitoesteróis podem oferecer proteção contra o câncer ainda não é conhecido. No entanto, várias teorias têm sido propostas, como a capacidade de incorporação na membrana celular, alterando a sua fluidez, com consequente inibição da atividade de enzimas e vias que conduzem ao crescimento do tumor, além de estimular a apoptose de células tumorais.
Os fitoesteróis podem ser classificados em duas categorias: esteróis e estanóis. Este último é produzido artificialmente por hidrogenação do esterol, sendo o sitostanol, campestanol e colestanol os mais conhecidos. Os alimentos comumente enriquecidos com estanóis são os cremes vegetais, iogurtes e leites. Dentre os esteróis, o beta-sitosterol é encontrado mais abundantemente nos alimentos, seguido do campesterol e estigmasterol. Esses fitoesteróis são encontrados em óleos vegetais, amêndoas, nozes, amendoins, grão de cereais, feijões, semente de girassol, soja, canola, abacate e alguns legumes.
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