A oferta precoce de alimentos via oral, mostrou-se um manejo eficaz e seguro, para a maioria dos pacientes no pós-operatório, reduzindo o tempo de internação após cirurgias. Independente da cirurgia realizada, a oferta de alimentos sólidos é gradual, ou seja, inicia-se pela ingestão de líquidos. Porém, há controversas no meio médico sobre qual é melhor, visto que, alguns estudos não identificaram diferenças relevantes no processo de recuperação cirúrgica. Entretanto, a oferta de alimentos sólidos é mais palatável, fácil de engolir e por consequência, reduz o tempo do paciente no hospital. Além disso, a motilidade intestinal pode ser melhorada com o estímulo alimentar.
Ressalta-se ainda que particularidades cirúrgicas devem ser observadas e analisadas por outros profissionais, como por exemplo, após cirurgias de cabeça e pescoço, a avaliação de fonoaudiólogos é importante.
A nutrição enteral precoce é outra conduta benéfica no pós-operatório, sendo capaz de fortalecer o organismo após os procedimentos. Entretanto, para pacientes com alto nível de desnutrição, a terapia nutricional parenteral deve ser avaliada como alternativa concomitante à enteral.
Importante ressaltar que a saída da cama e a movimentação são imprescindíveis para uma recuperação mais rápida e redução de complicações pós-cirúrgicas, salvo exceções.
Na cirurgia bariátrica, por exemplo, durante os dois ou até cincos dias pós-operatórios, o paciente fica internado e a aplicação de soro é mantida devido a preocupação com a desidratação pela dificuldade do paciente em ingerir quaisquer alimentos.
Após a alta, o paciente terá uma dieta dividida em 5 partes:
Fase I
Dieta Líquida Restrita
Sucos coados, gelatina, iogurte, leite e caldos com vegetais e carnes magras (apenas a água do cozimento). Seis porções de 120ml que sejam ingeridas em aproximadamente 30 minutos.
Dieta Liquidificada
Vitaminas e alimentos batidos formando textura cremosa e sempre coados. 8 porções de 120ml com um tempo esperado de 30 minutos para ingestão. Pode durar de 3 a 4 semanas, dependendo da aceitabilidade do paciente.
Fase II
Dieta Pastosa
Alimentos sólidos bem cozidos e amassados. Essa fase dura, em média, de 15 a 60 dias e as seis refeições diárias iniciam com quantidade de 60g, aumentando gradativamente até 150g.
Fase III
Dieta de aprendizado seletivo e qualitativo
A terceira fase compreende um período em que o paciente começará a mastigação. Os alimentos serão macios, não mais pastosos, sem pedaços duros, fibrosos ou de difícil mastigação. Como nesse período a quantidade ingerida mantém-se baixa, é necessário que o paciente aprenda a selecionar os alimentos mais nutritivos que em poucas quantidades atenderão suas necessidades nutricionais.
Fase IV
Dieta Independente
A quarta fase é dos alimentos escolhidos pelo paciente. Em geral, ocorre a partir do terceiro mês pós-cirúrgico. Ainda excluem-se alimentos muito fibrosos e se houver qualquer intolerância a um alimento, o paciente deve voltar a fase anterior.
Fase V
Dieta em consistência normal
Última fase após a cirurgia. O paciente deve consultar-se periodicamente para que o apoio nutricional possibilite a manutenção do peso e da adaptação alimentar. É importante que sejam feitos exames regularmente para avaliar a suplementação proteica e vitamínica para prevenir deficiências e complicações metabólicas ocasionadas pela mudança anatômica no trato gastrointestinal.
Em todas as cirurgias gastrointestinais, a orientação do profissional de nutrição é crucial para a adaptação do paciente a uma alimentação mais saudável e consciente. Sendo que todas as particularidades e predileções do indivíduo devem ser consideradas na elaboração de um cardápio que proporcione a ingestão nutricional adequada, bem como o prazer no comer.